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47.Gaúcho andante-v1-cap01-anexo 06-m47


(E atenção, pessoal, vamos marcar este xote bem direitinho, pra esquerda e pra direita, mas não fazendo graça no salão)

Eu sou gaúcho e vivo solitário Percorro os pagos da minha fronteira Domando potro e quebrando de queixo Vou no perigo só por brincadeira Tenho um cavalo amigo de estrada Tenho um cachorro que é meu companheiro Mala de poncho e uma capa gaúcha E um bom revólver para os entreveros

(É verdade, amigo, é verdade, porque um gaúcho prevenido vale por dois. E o meu revolver é Taurus, feito lá no Rio Grande, sou capaz de botar 40 balas num buraco só).

Chego numa estância peço uma pousada Levanto cedo e tomo chimarrão Vou prá mangueira ajudar na lida Cantando verso para o outro peão Daqui a pouco levanta o estancieiro Eu digo sou domador de potro E se tem dono eu já certo o preço Apeio de um e vou montando no outro

(Nunca encontrei cavalo que me botasse no chão. E isso corto de espora, da virilha até o queixo. Se roda, abro a perna e saio com a rédea na mão. Piso na oreia, meto o bico da bota na testa dele e digo: levanta, levanta, porque eu quero montar de novo).

Depois que cumpro o trato que fiz Monto em meu pingo e saio galopando Vou procurar serviço noutra estância Eu vim no mundo prá viver andando Se alguma china chorar por mim Eu digo a ela que não chore, não Não acredito que alguma mulher Possa laçar este meu coração

(Isso que não laça, não laça mesmo. Gosto de mulher uma barbaridade, mas não me prendo por rabo de saia, de jeito nenhum. Ei, gaúcho largado)

Como é bonito viver neste mundo De pago em pago longe da vaidade Eu sou gaúcho do sistema antigo Tô sempre firme com a legalidade Tenho dinheiro em todos os bancos Sem ter ninguém que eu possa dar Isso é prêmio para alguma china Que um dia possa me pialar.

(Atenção, regional da Chantecler, atenção, Miranda, vamos rematar que é pra esse xote não ficar mais comprido do que suspiro em velório.)




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