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108.Tá na hora-v3-cap.-09-m108

Tá na hora, tá na hora de parar para pensar

Somos Consciência Humana, porra

E não brincamos de cara e coroa

Por que?

Somos da periferia da Zona Leste de São Paulo

E estamos acostumados a conviver com má notícia

Assassinatos causados por gangues de polícia

Na Avenida São Miguel três corpos foram encontrados, fuzilados

RDS, MOL e CGP

Que aparentavam menores de 18 anos, todos de cor parda

E foi mais um fato que com certeza

Por muitos foi esquecido, talvez menos por nós

Por termos sido criados no meio da maldade

Onde matar em honra de sua personalidade

E eu vou,

Vou citar alguns nomes pra vocês acreditarem

Pé de Pato, Cabo Bruno, Conte Lopez passaram por lá

"Cheios de razões e calibres em punho"

Somente pra matar, somente pra matar

Apavoraram as ruas noturnas de São Mateus

Pequeno e pobre, humilde, mas um bairro meu

E lá não há conforto, sim

Existe fome, miséria, morte, muquifo

Somente sufoco e tristeza espalhados

Por todos os lados, por todos os lados

E as crianças não são mais crianças, são drogados

Não brincam mais de pega-pega

Correndo dia e noite pelos becos da favela, sim

Se misturaram com alguns tipos esquisitos

Que não são nada bons, só trazem maus incentivos

Usando eles como office-boys da malandragem

Por um papel eles fazem diversas viagens

Ensinados a viver de um modo totalmente errado

Não são mais obedientes, e sim mal criados

Não sonham mais com o futuro

Não andam no claro, flutuam no escuro

Brincam de tiro ao alvo com uma latinha no morro

E de repente o alarme: "Tem rato cinza na área"

A brincadeira já era

Todos apavorados saem no pinote

Escaparam mais uma vez, eles deram a sorte

Mas mesmo assim não escaparam do perigo

Tem rato pra todo lado pra cruzar nossos caminhos

Em cada canto da cidade tem uma favela

Assim dizia o ditado, mas

Em São Mateus tem favela espalhada pra todos os lados

Se correr o bicho pega, se ficar extermínio some

Porque primeiro matam pra depois saber seu nome

Sendo assim, paz nunca mais

Com a paz sempre sonhei, paz, paz nunca mais

Com a paz sempre sonhei, paz, paz nunca mais

Estamos sujeitos a tudo no mundo escuro

Afastados de todos, de tudo, e próximos da polícia

Nos tornando as vítimas de justiceiros

Na madrugada pra morrer basta apenas ser preto ou pobre suspeito

Tiram os nossos direitos de viver em paz, paz

Paz nunca mais

Olha a porra da polícia agindo novamente

Em cima de inocentes

Sempre arrumam pretexto para um tiroteio

Onde mataram um sujeito que não devia nada

Ou talvez quase nada

Tá certo que eu sabia que ele não era santo

Também sabia que não estava envolvido

Naquele que insultou

Dia 26 de Março de 94 foi assassinado

Com dois tecos no peito, um na cabeça

Lá se foi o Renato

Cocorã outro assassinato, nada justificado

Ficou só nos comentários, mais um arquivo fechado




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