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Acervo/blog

Graças aos céus, de vadios

As ruas limpas estão.

Deles a casa está cheia,

A casa da correção.

Já foi-se o tempo

De mendigar.

Fora, vadios,

Vão trabalhar!

Senhor chefe da polícia,

Eis a nossa gratidão.

Por mandares os vadios

À casa da correção.

Já foi-se o tempo ...

Sede exato, pois, Senhor,

Em tal deliberação

Que muita gente merece

A casa de correção

Já foi-se o tempo ...

Lá no largo da Sé Velha,

Stá vivo um longo tutu;

N'uma gaiola de ferro

Chamado surucucu.

Cobra feroz

Que tudo ataca;

Té d'algibeira

Tira a pataca.

Bravo à especulação

São progressos da nação.

Elefantes beberrões

Cavalos em rodopios,

Num curro perto d’Ajuda

Com macacos e bugios.

Tudo se vê,

Misericórdia!

Só por dinheiro

Há tal mixórdia.

Bravo à especulação ...

Garatujas mal cortadas,

Cosmoramas triplicados,

Fazem vermos toda a Europa

Por vidrinhos mal pintados.

Roma, Veneza,

Londres, Paris,

Tudo se chega

Cá ao nariz.

Bravo à especulação ...

Os estrangeiros dão bailes

Pra regalar o Brasil;

Mas a rua do Ouvidor

É de dinheiro um funil.

Lindas modinhas,

Vindas de França

Nossos vinténs

Levam na dança.

Bravo à especulação ...

Água em pedra vem do Norte

Pra sorvetes fabricar;

De que nos servem os cobrinhos

Sem a gente refrescar?

A pitanguinha,

Caju, cajá,

Na goela fazem

Taratatá!

Bravo à especulação ...

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