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110.Hino da repressão-v2-cap-08-m110

Se atiras mendigos No imundo xadrez Com teus inimigos E amigos talvez A lei tem motivos Pra te confinar Nas grades do teu próprio lar

Se no teu distrito Tem farta sessão De afogamento, chicote Garrote e punção A lei tem caprichos O que hoje é banal Um dia vai dar no jornal

Se manchas as praças Com teus esquadrões Sangrando ativistas Cambistas, turistas, peões A lei abre os olhos A lei tem pudor E espeta o seu próprio inspetor

E se definitivamente a sociedade só te tem desprezo e horror E mesmo nas galeras és nocivo, és um estorvo, és um tumor Que Deus te proteja És preso comum Na cela faltava esse um

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(1) A íntegra da letra da primeira versão de Hino da Repressão é a seguinte: “Se tu falas muitas palavras sutis/ E gostas de senhas, sussurros, ardis/ A lei tem ouvidos pra te delatar/ Nas pedras do teu próprio lar/ Se trazes no bolso a contravenção/ Muambas, baganas e nem um tostão/ A lei te vigia, bandido infeliz/ Com seus olhos de raio x/ Se vives nas sombras, frequentas porões/ Se tramas assaltos ou revoluções/ A lei te procura amanhã de manhã/ Com seu faro de dobermann/ E se definitivamente a sociedade só te tem/ Desprezo e horror/ E mesmo nas galeras és nocivo/ És um estorvo, és um tumor/ A lei fecha o livro, te pregam na cruz/ Depois chamam os urubus/ Se pensas que burlas as normas penais/ Insuflas, agitas e gritas demais/ A lei logo vai te abraçar, infrator / Com seus braços de estivador / Se pensas que pensas/ Estás redondamente enganado/ E como já disse o doutor Eiras/ Vem chegando aí junto com o delegado pra te levar”.



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