7. “Vírus da corrupção” (1996).
Ele vai subir novamente lá no morro Apertando mão em mão, pedindo voto de novo A rapaziada já sabe que é o ladrão do dinheiro do povo Toda favela já sabe que é o ladrão do dinheiro do povo
Quando ele está em campanha Diz que vai resolver toda situação Depois de tá eleito adianta o seu lado E dá uma banana para o meu povão Perde a credibilidade, a moral e o pudor Tira o pão da boca das crianças Do aposentado e do trabalhador
Ele vai subir novamente lá no morro ...
Na eleição passada, através do morro ele se elegeu Nada fez pelo pobre favelado e num boeing de luxo desapareceu Foi comemorar a vitória em sua mansão no distrito federal. Eu só fui saber que ele estava vivo porque saiu como corrupto no jornal
De norte a sul, de leste a oeste meu irmão Como tem político contaminado com o vírus da corrupção
Ele vai subir novamente lá no morro ...
8. “Ordem e progresso” (1996).
Autor: Zé Pinto. Intérprete: Beth Carvalho. Gravação especial do MST. CD: Arte em movimento (2002).
Este é o nosso País Esta é a nossa bandeira É por amor a esta Pátria Brasil Que a gente segue em fileira
Queremos mais felicidade No céu deste olhar cor de anil No verde esperança sem fogo Bandeira que o povo assumiu Amarelo são os campos floridos As faces agora rosadas Se o branco da paz se irradia Vitória das mãos calejadas
Este é o nosso País ...
Queremos que abrace esta terra Por ela quem sente paixão Quem põe com carinho a semente Pra alimentar a Nação A ordem é ninguém passar fome Progresso é o povo feliz A Reforma Agrária é a volta Do agricultor à raiz
Este é o nosso País ...
9. “Procissão dos retirantes” (1996).
Terra Brasilis, Continente Pátria-Mãe da minha gente Hoje eu quero perguntar Se tão grandes são teus braços Por que negas um espaço Aos que querem ter um lar? Eu não consigo entender Que nesta imensa nação Ainda é matar ou morrer Por um pedaço de chão Lavradores nas estradas Vendo a terra abandonada Sem ninguém para plantar Entre cercas e alambrados Vão milhões de condenados A morrer ou mendigar Eu não consigo entender Achar a clara razão De quem só vive pra ter E ainda se diz bom cristão No Eldorado do Pará Nome Índio: Carajás Um massacre aconteceu Nesta terra de chacinas Essas balas assassinas Todos sabem de onde vem É preciso que a justiça E a igualdade sejam mais Que palavras de ocasião É preciso um novo tempo Em que não seja só promessa Repartir a terra e o pão (A hora é essa, de fazer a divisão!) Eu não consigo entender, Que em vez de herdar um quinhão Teu povo mereça ter Só sete palmos de chão Nova leva de migrantes Procissão dos retirantes Só há terra em cada olhar Brasileiros feito nós Vão gritando, mas sem voz Norte a sul, não tem lugar Eu não consigo entender Que nesta imensa nação Ainda é matar ou morrer Por um pedaço de chão! Pátria Amada do Brasil, De quem és mãe gentil? Eu insisto em perguntar: Dos famintos das favelas Ou dos que desviam verbas Pra champagne e caviar? Eu não consigo entender Achar a clara razão De quem só vive pra ter E ainda se diz bom cristão