Falaram que não tem mais jeito, que a porta vai abrir
Desculpa, meu irmão, mas eu não levo fé
Porque quando fecharam essa mesma porta aí
Disseram que era só o tempo de tomar café
Aí botaram a mesa e almoçaram para valer
Lancharam boi com abóbora, jantaram até faisão
Enquanto a gente do lado de fora se assustava
Com o preço que subia do quilo de feijão
Essa não! Olha essa porta aí!
Quem fechou não é quem tem que abrir
Se essa chave a gente não pegar
Quem abriu pode querer fechar de novo
Também disseram que é preciso a gente dar uma mão
E que apertar o cinto vai ser a solução
Então que jeito eu dou para dar um jeito de usar cinto
Eu cinto mais não tenho, mas sigo oposição
A porta abriu um pouco e a gente olha lá para dentro
E vê a turma toda comendo no salão
E a gente poderia viver muito mais tranquilo
Com as sobras que essa turma deixa cair no chão
Essa não! Olha essa porta aí!...
(Mete o pé na porta! Boca no trombone! Olha o povo na rua!)
Autores: Moa (Moacir de Oliveira Filho) e Samuca Salomon (Cytrynowicz). Intérprete: Bloco do Pacotão. Gravação especial da Produções Clube da Imprensa. LP: Pacotão: Sete Anos de Carnaval, 1985.
Geisel, você nos atolou
O Figueiredo também vai atolar
Aiatolá, aiatolá
Venha nos salvar
Que esse governo já ficou
Gagá, gagagageisel
Diga, seu doutor, as novidades
Já faz tempo que eu espero
Uma chamada do senhor
Eu gastei o pouco que eu tinha
Mas plantei aquela cana
Que o senhor me encomendou
Estou confuso e quero ouvir sua palavra
Sobre tanta coisa estranha acontecendo sem parar
Por que que o posto anda comprando tanta cana
Se o estoque do boteco já está pra terminar
Derramar cachaça em automóvel
É a coisa mais sem graça
De que eu já ouvi falar
Por que cortar assim nossa alegria
Já sabendo que o álcool também vai ter que acabar?
Veja, um poeta inspirado em Coca-Cola
Que poesia mais estranha ele iria expressar?
É triste ver que tudo isso é real
Porque assim como os poetas
Todos temos que sonhar