05. A crise-v1-cap01-anexo 02-m05
A crise abateu aqui na nossa terra
Fazendeiro grita, os colono berra
Lá no sertão a vida é cruel
O patrão se quebrou com a baixa do café
A baixa do café já fez rebuliço
Pobre tão gritando à farta de serviço
Tudo se muda, já mudou a era
Acabou-se a fartura, agora é só miséria
O pão da pobreza é mandioca e banana
Já bebe café de garapa de cana
O pobre caipira se lastimava
Pra fazer o armoço tempero fartava
Pobre come carne só de passarinho
Assado na brasa por não ter toicinho
A vida do pobre é uma judiação
Cozinhar sem gordura e lavar sem sabão
A cama do pobre até dá vergonha
Corchão sem lençor, travesseiro sem fronha
O pobre reclama que farta até ropa
A coberta da cama é de saco de estopa
O pobre padece por tempo da crisa
Fica sem ceroula, (....... ) sem camisa
Anda c’o pé no chão por não ter carçado
Pois anda descarço, os carções já rasgados
O pobre caipira não tem nem cigarro
Pois ele pita no pito de barro
O caipira pobre não pita na paia
O fumo que pita é só duma baia
O patrão se queixa quase todo dia
Não arrecebe mais o que arrecebia
Se ele tem o café, não tem mais valia
Se vai lá no banco, acabô a garantia.
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