10.Sou negrão-v3-cap-10-m10
Autor: Rappin’ Hood. Intérprete: Posse Mente Zulu. Gravadora: PMZ - Independente. LP: Revoluson Parte 1 (1998)
Negros, nós somos negros!
Pode me chamar do que quiser que eu não ligo Racista, revoltado, sei que não sou nada disso Pertenço a um raça sofrida, vivida, que acredita Que ainda há paz, que sorri pra vida Que curte rap, samba, blues, reggae e outros mais
Cultura afro-brasileira se entregar jamais Seja você mesmo um negro guerreiro
Posse Mente Zulu! Cem por cento preto
Vinte de novembro temos que repensar A liberdade de um negro que tanto teve de lutar O negro não é marginal, não é perigo Negro é ser humano, só quer ter amigo Na antiga era o funk, agora é o rap Vem puxando o movimento com o negro de talento O negro é bonito quando está sorrindo Como versou Jorge Ben, o negro é lindo
E é por causa disso tudo que estamos aqui Se falam mal do negro, eu não tô nem aí Pois já briguei muito, já falei demais Mas o que o negro quer agora realmente é a paz Andar na rua no maior sossego Constituir família, ter o seu emprego Como Grande Otelo, João do Pulo, BB King e o Blues Raul de Souza, Miles Davis, de improviso no jazz Pixinguinha e Cartola, velha guarda do samba Luiz Melodia e Milton Nascimento, dois bambas Vieram os Metralhas com o Rap Abolição Falando do negro e de sua opinião Pois muitos negros já percorreram a trilha do sucesso Jackson do Pandeiro, Candeia e Aniceto Kizomba, Festa da Raça com Martinho e a Vila No ano do centenário, grande maravilha E a rainha do samba, Clementina de Jesus Que já partiu pra melhor, mas Quelé divina luz E no futebol, temos rei Pelé Garrincha de pernas tortas num perfeito balé
Sou negrão, hei Sou negrão, hou (4x)
Luiz Gonzaga era preto, era o rei do baião Jair Rodrigues disparou no festival da canção Denner com a bola, mais que um dom Preto quer trabalhar, não quer ser um ladrão Futuro, presente, passado, realmente jogados Fizemos a história, perdemos a memória Temos nosso valor, temos nosso valor Bob Marley, podes crer, paz e amor Diamante negro do gol de bicicleta Leônidas da Silva, craque da época O Malcom X daqui, Zumbi temos de exaltar Em Palmares teve muito que lutar Martin Luther King com a sua teoria Estados Unidos, o movimento explodia Apartheid, um por todos e todos por um Nelson Mandela, sem problema nenhum
Sou Negrão, hei ...
Ilê Aiyê, Olodum e aí, mano Brown (E aí, Racionais) Trio Elétrico, Bahia, Carnaval
Ivo Meireles, Jamelão e aí Mangueira Luta marcial, jogar capoeira Negra mulher, preta Dandara Leci Brandão, Jovelina, Ivone Lara Cabelo rasta (rasta), dança afoxé Anastácia e Benedita, muito axé Djavan e o seu som genial O rei do balanço, mestre James Brown Também falando de maninhos que não aceitam um revide Aqui vai o nosso alô pra DJ Hum e Thaíde E a reunião da grande massa black Acontece aqui, nos versos do nosso rap Na intenção de ver um dia o negro sorrindo Gilberto Gil e Tim Maia, o síndico Não esquecendo de falar de Sandra de Sá Com os seus olhos coloridos fez a massa balançar
Sou negrão, hei ...
DMN decretou o que todos têm medo É 4P, poder para o povo preto Não o poder do dinheiro, não a corrupção Sim o poder do som, Revolusom Como um solo de Hendrix faz você viajar Coisa de preto, mano, pode chegar Brother vem dançar porque a dança começou Vindo do Fundo de Quintal, Mente Zulu chegou E esse é o recado que acabamos de mandar Pra toda raça negra escutar e agitar Portanto honre sua raça, honre sua cor Não tenha medo de falar, fale com muito amor
Sou Negrão, hei ...
Negros, nós somos negros! Você ri da minha pele Negros, nós somos negros! Negro lindo Negros, nós somos negros!
Sei que isso meu irmão não te agrada um bocado Negros, nós somos negros! Você sabe a cor de Deus Negros, nós somos negros! Seja escuro, mas seja escuro e verdadeiro Negros, nós somos negros! E a nós damos valor Negros, nós somos negros! E aí, negão esperto Negros, nós somos negros! Nós, negros, sabemos pensar Negros, nós somos negros!
Reggae é movimento, é negro rasta Negros, nós somos negros! Mano, mano, mano de fé Negros, nós somos negros! A juventude negra agora tem a voz ativa Negros, nós somos negros! Assuma sua mente, Brother!
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(1) Na versão de 2001, os versos iniciais são diferentes: “ Subi o morro pra cantar (o rap ahh, o rap ahh)/ Que é pra malandro se ligar (o rap ahh, o rap ahh)/ Que malandragem é trabalhar (o rap ahh, o rap ahh)/ E a pivetada estudar/ Não tenho toda malandragem de Bezerra da Silva/ Nem o canto refinado de Paulinho da Viola/ Sou só mais um neguinho pelas ruas da vida/ Que quer se divertir, fazer um som e jogar bola/ Rappin Hood sou, hã, sujeito homem/ Se eu tô com o microfone é tudo no meu nome/ Sou Posse Mente Zulu, se liga no som/ Sou negrão, certo sangue bom/ 20 de novembro temos que repensar”. (Daí em diante, as letras das duas versões são iguais)
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