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11.Já não há trocos miúdos-vol.00-cap02-11

Já não há trocos miúdos

Nesta nossa capital,

Os cambistas são os grandes

Nesta época fatal.

Os pobres é que se veem

Em assados e apuros,

Pois desejando miúdos

Hão de pagar grandes juros.

Um gasto de três mil réis

Não é nada, ainda é pouco,

Pra uma nota de dez

Dizem logo: – Não há troco.

Até nas casas de pasto

As listas têm um letreiro,

Dizendo que pra comer

Levem trocado dinheiro.

Já se vê pelas vidraças

Letreiros sobre papéis

Dizendo não haver troco

Mesmo pra cinco mil réis.

De maneira que o pobre

Mesmo tendo algum dinheiro,

Não trazendo os tais miúdos

Passará por caloteiro.

Correm anúncios com letras

De palmo de comprimento

Dizendo que os tais miúdos

Vendem a doze por cento.

E não sabemos até onde

Tudo isso vai parar,

O certo é que o pobre

Há de sofrer e calar.

Houve há pouco uma assembleia

Já se sabe, de graúdos,

Para ver se decidiam

A questão dos tais miúdos.

Ainda agora se espera

Pela tal resolução

Não admira pois tudo

É assim nesta nação.

As cousas estão mudadas

Já se despreza os graúdos,

Pois agora só imperam

Como é sabido, os miúdos.

E quem há de nos valer

Em momento tão sinistro?

Ah! Já sei, corramos todos

Ao palácio do ministro.

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