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41.Carta do Expedicionário-v1-anexo-04-m41

Minha querida, mamãe, é com a maior sôdade

Que envio nessa cartinha votos de felicidade

Quanto a mim e meus colegas, semos uma irmandade

Temos orgulho de ser soldados da liberdade

Aqui semos bem tratado, temos agasaio e comida

Mas quando é de tardezinha, a sôdade é delorida

Quando eu canto na viola, a cantiga é tão sentida

Que parece que eu to vendo todos os dias da minha vida

Vejo o rancho de sapé e a senhora a trabalhar

Vejo a sala e atrás da porta, vejo a vara de pescar

Os passarinho nas árvores, vejo a horta e o pomar

Inté parece que escuto as crianças a brincar

Parece um sonho isso tudo, e um sonho tão bonito

Que eu perfiro ir sonhando e quase que eu acredito

Vejo assim os meus amigos Joaquim, Paulo e Benedito

Mas quando me alembro da noiva meu coração fica aflito

Daí então me despeço, e um pensamento me vem

Que a senhora e a minha noiva sempre se quisero bem

E uma consola a outra, pelo amor que por mim tem,

Que têm o mesmo idear, são brasileira também

Ao terminar essa carta, digo com sinceridade

Que apesar de aqui distante eu sofrer grande sôdade

Eu dou graças ao bom Deus por ter a felicidade

De lutar por essa causa, a causa da liberdade



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