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Acervo/blog

Eu quero ter a sensação das cordilheiras,

Desabando sobre as flores inocentes e rasteiras. Eu quero ver a procissão dos suicidas,

Caminhando para a morte pelo bem de nossas vidas. Eu quero crer na solução dos evangelhos,

Obrigando os nossos moços ao poder dos nossos velhos. Eu quero ler o coração dos comandantes,

Condenando os seus soldados pela orgia dos farsantes. Eu quero apenas ser cruel naturalmente,

E descobrir onde o mal nasce e destruir sua semente.

Eu quero ter a sensação das cordilheiras

Desabando sobre as flores inocentes e rasteiras

Eu quero ser da legião dos grandes mitos,

Transformando a juventude num exército de aflitos. Eu quero ver a ascensão de Iscariotes,

E no sábado um Jesus crucificado em cada poste Eu quero ler na sagração dos estandartes,

Uma frase escrita a fogo pelo punho de deus Marte

Desabando sobre as flores...

Caminhando para a morte...

Obrigando os nossos moços...

Condenando os seus soldados...

Transformando a juventude...

Um Jesus crucificado...

Eu quero ter a sensação das cordilheiras






E o dia se deu

De grandeza total

O amor se aqueceu

Num mesmo ideal

E o ventre da mata

Num gozo de luz

Se acendeu

Nos braços do homem

A terra em flor se encolheu

País, meu país, tão grande e capaz

País, meu país, meu canto de paz

Nos caminhos

Do chegar

Quero correr

Quero abraçar

Minha nação

Meu povo irmão

Na estrada

Que é o rumo da integração








Na cidade todo mundo fala A violência é uma roleta russa Não escolhe a vítima Em toda parte é igual Na hora errada, em qualquer lugar O mundo é um quintal Sou artista, sou pobre, sou negro, sou pai Sou patrão, operário, criança Sou vítima da cidade partida Eu não vou ficar a esperar a minha vez Eu quero andar pelas ruas livre Tenho direito à justiça, liberdade, proteção Não quero mais, amor Viver exilado, sem consciência Meu coração é de paz Mas não aguenta mais violência Basta, minha palavra diz basta Meu corpo inteiro diz não Não há lugar para mais violência Basta, quanto silêncio, esse frio O sangue mancha a encosta verde do Rio As cidades tratam de suas misérias Como quem trata uma praga Que não para de crescer Enquanto os ricos Não olharem para ela Será sempre uma panela Que a pressão faz explodir



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