Vossa Excelência, dá licença, Quero um aparte para falar, Quero falar num artigo: Cadê o trigo, cadê o trigo? Levam a vida nessa marmelada. Passa o tempo e não resolvem nada.
Peço a palavra, pela ordem, Na voz do meu coração, O povo não tem casa pra morar, Não tem transporte, não tem carne, nem feijão. Até das frutas que existiam por aqui, Só resta agora o abacaxi.
Autores: música de Jorge Galatti, paródia de Lauro Borges. Intérpretes: Lauro Borges e Castro Barbosa. Gravação em acetato da Rádio Nacional.
Nós antigamente tinha carne
Nós antigamente tinha pão
Antigamente nós tinha tutu,
Carne seca com feijão
(Que era tão bom)
Nós antigamente tinha fio
Nós antigamente tinha fia
Hoje nem fio nem fia
Nós pode porque
Ninguém aguenta tanta carestia
O cachaço subiu,
A manteiga também
A farinha de trigo sumiu outra vez
As bananas hoje em dia
É artigo grã-fino
E o pão, meu Deus do Céu,
Como tá pequenino
Nós antigamente engordava os porcos
Com abóbora d’água, repolho e chuchu
Hoje nós come as comidas dos porcos
Pra não ser comida de aribus
(Lá no Caju)
Nós antigamente não tinha fila
Não faltava nada era tudo tão bom
Hoje tem fila pra tudo
E a maior fila que tem
É a fila dos ladrão.
Trabalho como um louco
Mas ganho muito pouco
Por isso eu vivo
Sempre atrapalhado
Fazendo faxina
Comendo no china
Tá faltando um zero
No meu ordenado.
Tá faltando um zero
No meu ordenado
Tá faltando sola
No meu sapato
Somente o retrato
Da rainha do meu samba
É que me consola
Nesta corda bamba.
