Desejo, prezado amigo,
Com grande satisfação
De ter o vosso votinho
Na próxima eleição
Não posso, meu coroné,
O voto de graça eu não dou
É breve lição do meu pai
Conselho do meu avô
Eu prometo meu amigo
De lhe dar colocação
Se vancê votar comigo
Ao menos nesta eleição
Tenha a santa paciência,
Meu ladino coroné,
Meu voto eu dou de espontâneo
A quem quer que me faça o pé
Eu vos dou terno de roupa
Dou cavalo, dou terneiro
Em troca do vosso voto
Dou até mesmo dinheiro
Já tenho calo na sola
Meu ladino coroné,
Hoje você me dá tudo
Amanhã me mete o pé
Eu vos quero muito bem
Meu caro eleitor amigo
Não seja tão emperrado
Venha cá votar comigo
Vai armar pra quem quiser,
Coroné, sua arapuca
Eu cá sou macaco velho
Não meto a mão na cumbuca.

Este é o salão do ministro
Pras vítimas de um sinistro Tinha organizado, o baile fantasiado Foram logo convidados Senadores, deputados Era um baile afinal, excepcional A orquestra no terraço bem a compasso Sob os lustres, os ilustres (..........................) As senhoras decotadas, formalizadas Orgulhosas, vaidosas, bastante pintadas Defronte à casa, em pé sobre a calçada Bastante gente parada. com a cara embasbacada Era o povinho, dizendo, coitadinho: – Deixá-los se divertir, aqueles figurões Têm em nós muitos amigos para as eleições. (Fala) Balance bem, eles é que dançam e nós é que pagamos. Ali todos os partidos estavam bem divididos Tudo representado com gesto bom, elevado Homens graves, barrigudos, outros magros mais canudos Tinha que se escolher, era só dizer. Financeiros e banqueiros, comendadores Todos muito prazenteiros, estes senhores Mas dançavam, e cantavam, também jogavam E comiam ou bebiam, outros gritavam Defronte à casa, em pé sobre a calçada Bastante gente parada, com a cara embasbacada Era o povinho, dizendo, coitadinho: – Deixá-los se divertir, aqueles figurões Têm em nós muitos amigos para as eleições.
(Fala) Oh, Senhora Viscondessa! Oh, Senhora Marquesa! Houve uma lauta ceia.........as três e meia. Com bastante pesar tiveram que voltar (.............) convidados Um dos caminhos (..............) Cada um foi sonhar Ou ressonar Um sonhava ser eleito e satisfeito Outro tinha um bom lugar na secretaria. Outro tinha por ilusão uma condecoração Mas depois, ao despertar, ai que desilusão
Defronte à casa, em pé sobre a calçada
Bastante gente parada. com a cara embasbacada
Era o povinho, dizendo, coitadinho:
– Deixá-los se divertir, aqueles figurões
Têm em nós muitos amigos para as eleições.
Jararaca (fala) — Viva o nosso presidente do Clube Recreativo 15 de Novembro! — Viva! Washington Luís (fala) — Eu agradeço penhorado a manifestação que vós acabeis de me fazer. Meus senhores, minhas senhoras, senhoritas e petits enfants. A Comissão composta dum só membro, que é eu, arresorveu escolher dentro das misse mais cotada e mais decotada aqui presente, que ambiciona o arto título de Miss Catete, mademoiselle Júlio Prestes, fazendo votos pra que ela preste os seus serviços à pátria como eu e não se preste a fazer empréstimo que não preste. (Ehhh!) Paulista da minha terra, Que segue as minhas pegada, Abrindo e fechando estrada Nas margem do Tieté, Eu só queria saber Proquê é que o povo diz Que só vai dar Júio Prestes despois de Óshington Luis.Vou demonstrar pros mineiro Que nós é bem brasileiro. São Paulo nunca se esconde, Paulista não compra bonde, São Paulo é que dá café. São Paulo não baixa as cristas, Eu falo como paulista, Paulista véio de guerra, Paulista da nossa terra, Paulista de Macaé. (Ehhh!!!) Antônio Carlos (fala) — Seu Estradanha, tudo isso que você disse aí é mentira: mineiro compra bonde, mas vende os reboque aos paulista. Mineiro de Barbacena, Da terra do leite grosso, Que planta milho em caroço Pras formiguinha comer, Que conta as suas potoca Sentado junto à engenhoca, Enquanto houver mandioca Mó de a bichinha moer. Eu só queria era só Mineiro que não entrosa Poder provar presses prosa Que o queijo inda não bichou. Preles não rir dos mineiro, Que também é brasileiro, Antônio Carlos em campanha da Aliança Liberal.
