Lá pul’Oropa
Continua em pé de guerra
Morre gente como terra
Porque as fôias toda diz
Até agora não se sabe já quem ganha
Se a França ou a Alamanha,
Se Berlim ou se Paris
Quem vai falar com razão
É a boca do canhão
Os alamão que se internaram na fronteira
Pensou que era brincadeira
Dar nos berga e nos francês
E foram entrando na cidade de Liège
Para virar aquilo em frege
E triunfarem de uma vez
Mas o berga resistiu
Como assim nunca se viu
(Os berga são danados ...)
Diz que os francês
pretenderam entrar na Alsácia
Mas ali diz que não passa
Nem francês nem alamão
E que o solo tá minado a dinamite
Que o papoco não permite
Nem botasse o pé no chão
É só carcá no botão
Aquilo vira em carvão
(Nossa senhora, eu é que não vou lá ...)
Eu outro dia
Consultei o Barão Murço (?)
Que me garantiu que o russo
Tinha saído de Moscou
Eu acredito no que o Murço me garante
Mas no passo de alefante
Na fronteira não chegou
O russo anda devagar
Parece trem da Centrá
Também parece que essa tropa ingrêza
Tão com um pouco de moleza
Pra na encrenca se meter
Porém me diz que ingrês é gente esperta
Que só joga a pula certa
Que não joga pra perder
O ingrês não foi criado esnobe
Sem ter certeza no bote
(e faz ele muito bem)
Itália véia tá se vendo toda fôia
Continua nas encoias sem se meter na questão
Enquanto as outras tão brigando pela Oropa
Ela bota suas tropas pra fabricar macarrão
Itália abriu uma agenda pra tirar sua encomenda
(Eu ia lá só pra comer macarronada véia, cansada)
Chegou noticia que os patrício brasileiros
Tão na Oropa sem dinheiro
Nem ninguém pra emprestar
Mas é bem feito que eles sofra seu bocado
Porque nós atrapaiados também havemo por cá
E se não fosse a eleição nós tinha confragração
(Tava tudo confragrado se não fosse eleição ...)
Uma potencia sobre a qual não se falava
Essa tal de agencia Havas
Que faz guerra sem canhão
Ela combate contra a agencia americana
Só pra ver quem na semana
Prega mais carapetão
Todas duas faz questão
De ganhar no seu balcão
(Nossa Senhora, essa confragração tem dado o que fazer. Eu é que não me meto nela. Vôte, cobra!).
De manhã cedo, num lugar todo enfeitado
Nóis ficava amuntuado
Pra esperá os compradô
Dispois passava pela frente do palanque
Afincado ao pé de um tanque
Que chamava bebedô
E nesse dia minha véia foi comprada
Numa leva separada
Prum sinhô mocinho ainda
Minha véinha era a flô dos cativeiro
Era inté mãe de terreiro
Da família dos Cambinda
No mesmo dia em que levaram a minha preta
Me botaram nas grieta
Que é pro mó de eu não fugir
E desde então o preto véio a percurô
Ficô véio como eu tô
Mas como é grande esse Brasil
E quando veio de Isabé as alforria
Percurei mais quinze dias
Mas a vista me fartô
Só peço agora que me levem, siá Isabel
Quero ver se tá no céu
Minha véia, meu amor...