Paulistinha querida
Qual é tua cor
Que tanto disfarças
Com teu pó de arroz.
Não és loura, nem morena
Não tem nada de mulata
Paulistinha querida
A tua cor é 32.
Eu desta vez ofereço
Esta canção singular
À Paulistinha querida
Que um dia o Brasil inteiro
Há de adorar.
Tem um sorriso tão lindo
E tanta graça no andar
Mesmo no céu não existe
Uma estrela que brilhe
Como o seu olhar.
Eu queria dizer-te um segredo
Era uma bola segura
Mas tu chamaste a polícia, meu bem,
E a minha bola foi cortada na censura
Bancando a moralista
No século vinte não se faz boa figura
Muda essa tua atitude, meu bem,
Se não eu corto a tua pose na censura
E se continuares a conversar
Com o namorado em noite escura
Eu mandarei um bilhete a teu pai
E o teu amor será cortado na censura.
15. “Positivismo” (1933), samba. Autores: Noel Rosa e Orestes Barbosa. Intérprete: Noel Rosa. Gravadora: Columbia.
A verdade, meu amor, mora num poço É Pilatos, lá na Bíblia, quem nos diz E também faleceu por ter pescoço O infeliz autor da guilhotina de Paris Vai orgulhosa, querida, Mas aceita esta lição No câmbio incerto da vida A libra sempre é o coração O amor vem por princípio, a ordem por base O progresso é que deve vir por fim Desprezastes esta lei de Augusto Comte E fostes ser feliz longe de mim Vai, coração que não vibra Com teu juro exorbitante Transformar mais outra libra Em dívida flutuante A intriga nasce num café pequeno Que se toma para ver quem vai pagar Para não sentir mais o teu veneno Foi que eu já resolvi me envenenar.