O Brasil é meu lar, foi o lar onde eu nasci
Foi aonde eu aprendi a ler, escrever e cantar
O Brasil é meu lar, foi o lar onde eu nasci
Foi aonde eu aprendi a ler, escrever e cantar
O Brasil é meu lar
Oro pedindo ao meu Deus por Tancredo, nosso irmão
Que lhe dê a salvação, perdoe os pecados seus
Ó Jesus, rei dos judeus, nessa hora, nesse dia
Vou pedir em poesia que guarde o irmão da gente
Deus levou o presidente que o brasileiro queria
O Brasil é meu lar
Trinta e nove dias ele passou em padecimento
E o povo em movimento sem poder falar com ele
Estou falando daquele líder da democracia
Cujo objetivo ia fazer o Brasil para a frente
Deus levou o presidente que o brasileiro queria
O Brasil é meu lar
Foram sete cirurgias num período muito curto
Ele sentindo agonia, foram mais trinta e nove dias que o Tancredo sofria
Comida não ingeria, tomava soro somente
Deus levou o presidente que o brasileiro queria
O Brasil é meu lar
Eu mesmo estava no time, em São Paulo, num comício
Quando ele, com sacrifício, quis combater o regime militar
Que nos oprime, o mesmo nos oprimia
Falava, mas não sabia que ia morrer de repente
Deus levou o presidente que o brasileiro queria
O Brasil é meu lar
Dona Risoleta, então, falava de certa altura
Falando quanta amargura, tristeza no coração
Para toda a população, falava sem alegria
Acenava e transmitia: “tenha calma, minha gente”
Deus levou o presidente que o brasileiro queria
O Brasil é meu lar
Tancredo de Almeida Neves, o seu verdadeiro nome
Morreu, deixou o renome em todos os corações leves
O Brasil com muitas greves, mas só ele aumentaria
Nosso pão de cada dia e o leite do inocente
Deus levou o presidente que o brasileiro queria
O Brasil é meu lar
Ao falecer o mineiro de São João Del Rei ficou o José Sarney
Como tutor verdadeiro, também prometeu primeiro o que Tancredo faria
Ele disse que cumpriria, prometeu sinceramente
Deus levou o presidente que o brasileiro queria
O Brasil é meu lar
Se o ouro comprasse a morte, eu iria visitá-la
Com afim de contratá-la, dar-lhe um abraço forte
Para mandar ele com sorte se ela ressuscitaria
Muito dinheiro eu daria para ele voltar novamente
Deus levou o presidente que o brasileiro queria
O Brasil é meu lar
Foi o lar onde eu nasci, foi aonde eu aprendi a ler, escrever e cantar
O Brasil é meu lar
Foi o lar onde eu nasci, foi aonde eu aprendi a ler, escrever e cantar
107. “Coração de estudante” (1983).
Quero falar de uma coisa Adivinha onde ela anda Deve estar dentro do peito Ou caminha pelo ar Pode estar aqui do lado Bem mais perto que pensamos A folha da juventude É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos Desviaram seu destino Seu sorriso de menino Tantas vezes se escondeu Mas renova-se a esperança Nova aurora a cada dia E há que se cuidar do broto Pra que a vida nos dê Flor e fruto
Coração de estudante Há que se cuidar da vida Há que se cuidar do mundo Tomar conta da amizade Alegria e muito sonho Espalhados no caminho Verdes, planta e sentimento Folhas, coração Juventude e fé
108. “Ninguém esquece Tancredo” (1985).
Em abril de oitenta e cinco
O Brasil entristeceu
Tancredo de Almeida Neves
A vinte e um faleceu
Quem plantou tanta esperança
Sem esperança morreu
De repente adoeceu
Na véspera do grande dia
Que havia de tomar posse
Como o povo pretendia
Soprou o vento da morte
Na luz da democracia
Vinte e um o triste dia
De mágoas e desespero
Que se ouviu de Tancredo
Os gemidos derradeiros
Deixando eterna saudade
Nas almas dos brasileiros
Quando o líder dos mineiros
Tombou na hora fatal
Se ouviu as notas sonoras
Do Hino Nacional
Envolvendo os brasileiros
Numa tristeza geral
Em frente ao hospital
Todo o povo apreensivo
Chorava, fazia prece,
Devido o grande motivo
Esgotando as esperanças
De avistar Tancredo vivo
A morte, monstro nocivo,
Levou quem foi bravo e forte
Que passou dias amargos
Pelejando contra a morte
Mas de vê-lo governando
O Brasil não teve sorte
Desse tão profundo corte
Ninguém esquece um minuto
Nossa bandeira parece
Que ainda tem cor de luto
E pedimos a Deus
Que ajude ao seu substituto
Sol a sol lhe dando luto
Tristeza na roupa preta
Palavras dos seus discursos
E seu nome em todo o planeta
São lembranças que não morrem
Na alma de Risoleta
São João Del Rei, a gaveta
Que guarda a sua memória
Morreu por amor à pátria
Partiu conduzindo a glória
Mas os brasileiros justos
Hão de contar sua história
Sua limpa trajetória
O seu sentimento puro
Igual o de Tiradentes
No seu final prematuro
Serão exemplos de honra
Pras gerações do futuro
Sofreu esse golpe duro
Da cruel fatalidade
Só morre feliz quem morre
Por amor à liberdade
Quando não colhe na terra
Colhe na eternidade
Deus salve essa trindade
De homens inteligentes
O Brasil pode esquecer
Outros nomes diferentes
Só não esquece Tancredo
Juscelino e Tiradentes