Autores: Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges. Intérpretes: Nana Caymmi. Gravadora: EMI/Odeon. LP: Nana Caymmi.
Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço, aço, aço, aço, aço
Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio de tantos gases lacrimogêneos
Ficam calmos, calmos, calmos, calmos, calmos, calmos, calmos
E lá se vai mais um dia
E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio, rio, rio, rio, rio
E lá se vai mais um dia
E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente, gente, gente, gente, gente
Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive apenas aguenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
Autores: Severino Izidro, José Alberto Kaplan e Waldemar José Solha. Intérpretes: José Alberto Kaplan, com conjunto de câmara, coral e jogral. Gravadora: Discos Marcus Pereira. LP: Cantata pra Alagamar
(verso)
Em novembro do ano de 78
O presidente chegou a João Pessoa
A notícia nos campos já ressoa
Todos vem com as faixas à cidade
Para insistir no direito à propriedade
A polícia, no entanto, não consente
Que ninguém chegue junto ao presidente
Toma as faixas e o povo não vai embora
Se reúne na praça e canta agora
O hino que o Geisel ouve atentamente
(canto)
Alagamar, meu coração
Teu povo humilde esperando a solução
Nossa vitória fica na história
A tua glória é a nossa união
Nossa vitória fica na história
A tua glória é a nossa união
Teu povo forte sem violência e sem guerra
Toma a luta pela terra e a boa produção
Da agricultura que o nosso povo consome
E quem consagra seu nome
Não se curva à invasão
Alagamar, meu coração ...
Não temos ódio nem preguiça nem vingança
Mas temos a esperança da nossa liberdade
Pra nosso povo ter produtos agradáveis
Nós somos os responsáveis por sua alimentação
Alagamar, meu coração ...
Os teus escombros de Jurema e Calombi
Juazeiro e Jucuri quem corta é o trabalhador
Com muito amor pela família perece
E quase ninguém reconhece quanto é grande o teu valor
Alagamar, meu coração ...
(verso)
- O que é que esse povo quer lá embaixo?
Geisel pergunta e não lhe escondem
- É 10.000 hectares. Se não der, eleição aqui irá abaixo
- Pode ser que se possa voar mais baixo e 2.000 hectares já bastassem
- O proprietário e o povo se alegrasse e o problema perdesse intensidade
- Talvez não houvesse essa necessidade, se pra eleição 7 dias não faltassem