Oi, tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá É o ronco da metraia lá do Bataião Navá Oi, tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá Quando eu entro na embolada, pode o mundo se acabar Eu sô caboclo que nasci no Contestado Tenho um gênio tão danado,
Tendo raiva vô me ri E quando vejo os inimigo na bataia,
Meu sembrante não desmaia Tenho vontade é de inguli
Oi, tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá ...
Eu tenho passado tanta coisa nesse mundo Fiz um papé vagabundo
Somente prá me vingá Cheguei num dia de festa lá na Bahia Somente por picardia
Fiz a festa se acabá
Oi, tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá ...
Eu já cansei do cantadô dos zóio azú Deixei ele quase nú,
Parecia um idiota No fim das conta me pidiu perdão de tudo Passô quasi um ano mudo,
Só pensando na derrota
Oi, tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá ...
Sentindo o fogo lá na guerra de Canudo Quase que morria tudo
No combate sem pará E eu na frente já com meu boné, sem fala Sufrendo chuva de bala
Por matá um generá Oi, tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá ...
Em Pernambuco na fazenda de papai Tinha mais de 2 mil cabra
Preparado prá brigá E eu cheguei nessa fazenda um dia cedo Que os cabra correu de medo
Somente com meu oiá. Oi, tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá ...
Eu de uma feita na Vila de São João Encontrei com o Zé Romão
E uma tropa de bandido E esse homem valente qui nem leão Quando eu peguei no facão,
Já tinha tudo corrido. Oi, tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá ...
De hoje em diante, comigo não tem mais sopa, Prá cantá não mudo a rôpa,
Nem quero sabê de zona Prá cantadô que canta samba e não embola Nunca pegue na viola
Na frente de seu Minona.
– Pai João, Pai João, ô nego.
– Tu parece matraca; não me burrece, não, solta a minha casaca
(risos)
– Sou preto véio,
Mas não sou dessa canaia
Meu peito tem três medaias
Que ganhei no Paraguai
Comi na faca
Mais de trinta cangaceiro
E o Antonio Conselheiro
Teve quase vai, não vai
– Pai João, Pai João,
Tás contando vantagem
– Nego não mente, não
Deixa dessa bobagem,
Garotagem, molecagem
Que eu sou preto de coragem,
Sou preto de condição.
Sou preto véio,
Mas sou um dos veteranos
Que judou Fuloriano
A tomar Viliganhão
Sou preto véio
Mas agora eu vou ser franco
Eu tô com os cabelos branco
De tanta desilusão
Quando era moço,
Fiz a guerra de Canudos
Pra mecês no fim de tudo
Me chamar de Pai João
(risos)
“Eu vou à feira
Comprar agrião
Só depois de votar
Lá nas eleição (bis)
Que política mais danada
E que gente tão escovada (bis)
Mandaram o nêgo
A punhá e cacete
Arrochá os votantes
Lá do Catete (bis)
Mas o nêgo que não é besta
Embromô no fazer a festa (bis)”