Tudo que eu posso ver
(Essa neblina...)
Cobrindo o entardecer
Em cada esquina
Tudo que eu posso ver
(Essa fumaça...)
Cobrindo o entardecer
Em cada vidraça
Mas eu quero te contar os fatos
Eu posso mostrar fatos pra você
É só ter um pouco mais de tato
Que fica claro pra você
Desde a antiguidade
As coisas estão assim, assim
Os homens não são iguais, não são
Não são iguais, enfim
Daí toda essa história
Daí a história surgiu
Escravos da Babilônia
Trabalhador do Brasil
Tudo que eu posso ver…
Mas veio o ideário
Da tal revolução burguesa
E veio o ideário, veio o sonho socialista
Veio a promessa
De igualdade e liberdade
Cometas cintilantes que se foram pela noite
Existirão enquanto houver um maior
Daí é que vem a história...
Do antigo Egito à Grécia e Roma
Da Europa feudal
Do mundo colonial
No mundo industrial
Na Rússia stalinista e Wall Street
Em Cuba comunista
E no Brasil?
E no Brasil, hein?
Daí é que vem a história
Daí o homem servil
Escravo para servo
Trabalhador do Brasil
Daí é que vem a história...
Baixada!!
(Essa neblina...)
Chega junto, baixada!!
(Essa fumaça...)
Autores: Paulo Caruso e Chico Caruso. Intérpretes: idem. Gravadora: dabliú Discos. CD: Pra seu governo” (1998).
- Quem foi que deixou ela entrar?
- Sei lá, meu.
- Tava sem crachá, meu.
Índia, seus cabelos sob a camiseta
Lá no camarote da Sapucaí
Só eu que não via aquela coisa preta
Que ia do Oiapoque ao arroio do Chuí
Índia, a tua imagem
É a própria sacanagem
Pra além das paragens do nosso país
Todo mundo ria da fotografia
Estavas sem calça só eu que não vi
Ai que dor de cotovelo
A linda modelo da Sapucaí
Tem perfume nos cabelos
Pastelzim de pelo
Só eu que não vi
O Mauro Durante me avisou depois
Pra tomar cuidado
Dando nome aos bois
Se o empadão de frango te deu piriri
Pensa na empadinha da Sapucaí
Só recuperei daquela bebedeira
Quando olhei pra trás e o Maurício Correa
Dava cambalhota até quase cair
Saí do camarote, resolvi fugir
Ai que dor de cotovelo ...
Hoje meditando sobre o assucedido
Muito eu agradeço ao Zé Aparecido
Que tem experiência, pois é bacharel
Fez o doutorado dentro de um bordel
Segui seus conselhos chegando no hotel
Me livrei da moça, fiz o meu papel
Tava sem calcinha, pra não pegar mal
Mandei-a pra casa de carro oficial
Ai que dor de cotovelo
A linda modelo na Sapucaí
Tem perfume nos cabelos
Pastelzim de pelo
Que eu quase comi
O sol nasce e ilumina
As pedras evoluídas
Que cresceram com a força
De pedreiros suicidas
Cavaleiros circulam
Vigiando as pessoas
Não importa se são ruins
Nem importa se são boas
E a cidade se apresenta
Centro das ambições
Para mendigos ou ricos
E outras armações
Coletivos, automóveis,
Motos e metrôs
Trabalhadores, patrões
Policiais, camelôs
A cidade não para
A cidade só cresce
O de cima sobe
E o de baixo desce
A cidade se encontra
Prostituída
Por aqueles que a usaram
Em busca de uma saída
Ilusora de pessoas
De outros lugares
A cidade e sua fama
Vai além dos mares
No meio da espertezainternacional
A cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
Sempre uns com mais e outros com menos
A cidade não para
A cidade só cresce
O de cima sobe
E o de baixo desce
Eu vou fazer uma embolada
Um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado
Bom pra mim e bom pra tu
Pra gente sair da lama
E enfrentar os urubus
Num dia de sol
Recife acordou
Com a mesma fedentina
Do dia anterior