Se atiras mendigos No imundo xadrez Com teus inimigos E amigos talvez A lei tem motivos Pra te confinar Nas grades do teu próprio lar
Se no teu distrito Tem farta sessão De afogamento, chicote Garrote e punção A lei tem caprichos O que hoje é banal Um dia vai dar no jornal
Se manchas as praças Com teus esquadrões Sangrando ativistas Cambistas, turistas, peões A lei abre os olhos A lei tem pudor E espeta o seu próprio inspetor
E se definitivamente a sociedade só te tem desprezo e horror E mesmo nas galeras és nocivo, és um estorvo, és um tumor Que Deus te proteja És preso comum Na cela faltava esse um
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(1) A íntegra da letra da primeira versão de Hino da Repressão é a seguinte: “Se tu falas muitas palavras sutis/ E gostas de senhas, sussurros, ardis/ A lei tem ouvidos pra te delatar/ Nas pedras do teu próprio lar/ Se trazes no bolso a contravenção/ Muambas, baganas e nem um tostão/ A lei te vigia, bandido infeliz/ Com seus olhos de raio x/ Se vives nas sombras, frequentas porões/ Se tramas assaltos ou revoluções/ A lei te procura amanhã de manhã/ Com seu faro de dobermann/ E se definitivamente a sociedade só te tem/ Desprezo e horror/ E mesmo nas galeras és nocivo/ És um estorvo, és um tumor/ A lei fecha o livro, te pregam na cruz/ Depois chamam os urubus/ Se pensas que burlas as normas penais/ Insuflas, agitas e gritas demais/ A lei logo vai te abraçar, infrator / Com seus braços de estivador / Se pensas que pensas/ Estás redondamente enganado/ E como já disse o doutor Eiras/ Vem chegando aí junto com o delegado pra te levar”.
A lição, meu irmão, está aí Nos ataques à bomba No genocídio em Ruanda Na pobreza do Haiti É triste mas eu vi O clamor materno Rogando logo o céu ou o inferno Ao seu filho subnutrido Que aos dezoito não pesava mais que vinte e poucos quilos Mas de nada adiantava isso Do outro lado do mundo seu futuro era decidido Num café matinal entre políticos malditos Parasitas cívicos assassinos sociais Os poderosos são demais Derramam pela boca seus venenos mortais Poluindo a mente dos que são de paz A gente segura, atura estas criaturas Como pode, mas um dia explode E a ideia sai (então vai) Eu vou, eu vou de vez Vejam só vocês No meu Brasil em ano de eleição O que se vê pela periferia são Palanques panfletos carros de som Promessas em alto e bom tom
De que as coisas vão melhorar Mas como acreditar Se os que prometem sempre estiveram lá Prontos para nos trucidar E pra complicar Não são humildes, morrem de preguiça Só rogam o próprio bem-estar pra Deus na missa E mesmo assim não fazem jus Não fazem o sinal da cruz Desses, eu, GOG, sempre quero estar a anos luz Acreditando no que creio E o que é mais feio Pra eles no caminho do sucesso não importa os meios Desses caras já estou cheio (então vai)
Assassinos sociais Os poderosos são demais (4x)
Você tem todo o direito de não acreditar No que estou dizendo Mas tem o dever de conferir Pra ver a zona que está ai no parlamento Metem a mão na cara dura no orçamento Interferindo na vida de milhões E não são dois nem três, são mais de cem ladrões Vou repetir quero mais adesões Nos palanques seguem antigos padrões Dizendo que são ricos Que poderiam estar cuidando da família, dos próprios negócios E que por amor a nação Adotaram a política como opção Que ajudar os pobres é a missão Mas quem são eles pra falar de amor E preciso antes de mais nada ter noção do horror Que é ver velhos vagando na madrugada das ruas Com frio nas rugas É preciso ver crianças Pezinhos pequenos desde cedo na estrada Esse é o preço pago vendendo dim dim, picolé, amendoim, cocada Pra sobreviver toda a iniciativa é válida Mas é essencial sim ter escrúpulos, honrar a palavra dada E o que dói mais é ver muitos de meu povo caindo na cilada Trabalhando em campanhas bilionárias por migalhas Empunhando bandeira no sol a sol O corpo suado coração está do outro lado Mas infelizmente a necessidade fala alto A ideia é trabalhando contra nós mesmo sempre sairemos derrotados E enquanto isso o que eles fazem Começam em Brasília a semana na quarta e encerram na quinta Matam a segunda a terça a sexta Mau político em qualquer canto do planeta É um anticristo, um cisto, a besta A atração principal do telejornal A procura de status investe no visual Realmente eu sou um marginal E quero ver sua cabeça seu oco seu mal Bicho mesquinho Vejo nos seus olhos tochas de fogo luzindo Nas suas costa asas vermelhas se abrindo É só olhar pra eles e verá que não estou mentindo Que não é vacilo, delírio, nem sonho Mau político pra mim o pior dos demônios Junta logo suas falas e vai
Assassinos sociais Os poderosos são demais (4x)
Tudo começou
Quando a gente conversava
Naquela esquina ali
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? qual é negão?
O que que tá pegando?
É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda, engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeironegro
Pra passar na revista
Pra passar na revista
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro(África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro(África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
É mole de ver
Que para o negro
Mesmo a Aids possui hierarquia
Na África a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Ou das colunas sociais
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro(África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro(África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)