Já que existe no sul esse conceito Que o Nordeste é ruim, seco e ingrato Já que existe a separação de fato É preciso torná-la de direito Quando um dia qualquer isso for feito Todos dois vão lucrar imensamente Começando uma vida diferente Da que a gente até hoje tem vivido Imagina o Brasil ser dividido E o Nordeste ficar independente
Dividindo a partir de Salvador O Nordeste seria outro país Vigoroso, leal, rico e feliz Sem dever a ninguém no exterior Jangadeiro seria o senador O cassaco de roça era o suplente Cantador de viola o presidente O vaqueiro era o líder do partido Imagina o Brasil ser dividido E o Nordeste ficar independente
Em Recife o distrito industrial O idioma ia ser nordestinense A bandeira de renda cearense ‘Asa Branca’ era o hino nacional O folheto era o símbolo oficial A moeda, o tostão de antigamente Conselheiro seria o inconfidente Lampião herói inesquecido Imagina o Brasil ser dividido E o Nordeste ficar independente
O Brasil ia ter de importar Do Nordeste algodão, cana, caju Carnaúba, laranja, babaçu Abacaxi e o sal de cozinhar
O arroz, o agave do lugar O petróleo, a cebola, o aguardente O Nordeste é autossuficiente O seu lucro seria garantido Imagina o Brasil ser dividido E o Nordeste ficar independente
Se isso aí se tornar realidade E alguém do Brasil nos visitar Nesse nosso país vai encontrar Confiança, respeito e amizade Tem o pão repartido na metade Tem o prato na mesa, a cama quente Brasileiro será irmão da gente Vai pra lá que será bem recebido Imagina o Brasil ser dividido E o Nordeste ficar independente
Eu não quero, com isso, que vocês Imaginem que eu tento ser grosseiro Pois se lembrem que o povo brasileiro É amigo do povo português Se um dia a separação se fez Todos os dois se respeitam no presente Se isso aí já deu certo antigamente Nesse exemplo concreto e conhecido Imagina o Brasil ser dividido E o Nordeste ficar independente
(Fala)
Povo do meu Brasil Políticos brasileiros Não pensem que vocês nos enganam Porque nosso povo não é besta
O homem da vassoura vem aí
Já sei pra onde vou com a família
Eu sou queria, eu sou queria
Ver o homem da vassoura em Brasília
Ai, como eu ia me dar bem
Nunca mais eu dependia de ninguém
Ai, vai ficar tudo legal
Em Brasília vai ter outro carnaval.
Autores: Julinho de Adelaide e Leonel Paiva (Chico Buarque). Intérprete: Chico Buarque. Gravadora: Philips. LP: Sinal fechado.
Acorda, amor Eu tive um pesadelo agora Sonhei que tinha gente lá fora Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura Minha nossa santa criatura Chame, chame, chame Chame, chame o ladrão, chame o ladrão
Acorda amor Não é mais pesadelo nada Tem gente já no vão de escada Fazendo confusão, que aflição São os homens, e eu aqui parado de pijama Eu não gosto de passar vexame Chame, chame, chame Chame o ladrão, chame o ladrão
Se eu demorar uns meses Convém, às vezes, você sofrer Mas depois de um ano, eu não vindo Ponha a roupa de domingo e pode me esquecer
Acorda amor Que o bicho é brabo e não sossega Se você corre o bicho pega Se fica, eu não sei não, atenção Não demora, dia desses chega a sua hora Não discuta à toa, não reclame Clame, chame, clame, chame Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão (Não esqueça a escova, o sabonete e o violão)