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Acervo/blog

Devo trabalhar até morrer Aposentado é vagabundo Devo trabalhar para Dom Fernando Passear pelo mundo

Não consigo ser desonesto Me eleger para o Congresso Não consigo enganar muita gente Me eleger Presidente

Ele fala dez línguas vivas E onze línguas mortas Ele é o reizinho poliglota E eu apenas idiota

Ele comprou sua reeleição Não teve medo de ser cassado E ainda quer restituição Pois comprou deputado estragado

Onde está o meu rico dinheirinho? Essa é uma pergunta vã Foi socorrer banqueiro coitadinho Ou está nas Ilhas Cayman?

Ele é o príncipe Dos sociólogos Ele estudou na Sorbonne E comeu e se cagou (escargot)

Ele é muito bacana E eu caipira e provinciano Até quando ele caga assobiando O cocô sai dançando

Até quando ele caga assobiando O cocô sai dançando E eu num consigo




Hoje,

Trago em meu corpo as marcas do meu tempo

Meu desespero, a vida num momento

A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo

Hoje,

Trago no olhar imagens distorcidas

Cores, viagens, mãos desconhecidas

Trazem a lua, a rua às minhas mãos

Mas hoje,

As minhas mãos enfraquecidas e vazias

Procuram nuas pelas luas, pelas ruas,

Na solidão das noites frias por você.

Hoje,

Homens sem medo aportam no futuro

Eu tenho medo, acordo e te procuro

Meu quarto escuro é inerte como a morte

Hoje,

Homens de aço esperam da ciência

Eu desespero e abraço a tua ausência

Que é o que me resta vivo em minha sorte

Ah, sorte

Eu não queria a juventude assim perdida

Eu não queria andar morrendo pela vida

Eu não queria amar assim como eu te amei.




Eu acabo tendo raiva

Das coisas que causam pena

E penas já tenho tantas

Das que são minhas somente

Eu não consigo levar

Essa minha vida em frente

Levando comigo ainda

As penas de tanta gente

E eu não consigo levar

Essa minha vida em frente

Levando comigo ainda

As penas de tanta gente

Eu acabo tendo raiva

Da sorte que me condena

A ter coração que sente

A ter olhos que pranteiam

A ter a boca que grita

A ter nervos que inda anseiam

Pelo bem meu e de tantos

Pena dos que me rodeiam

Pelo bem meu e de tantos

Pena dos que me rodeiam

Que fique somente a raiva

Pra minha raiva ser pouca

E de ser tão curto o grito

Que escapa da minha boca

Que fique somente a raiva

Não tendo raiva somente

Dessa fraqueza que é minha

E ainda de tanta gente

Que fique somente a raiva

E a raiva me leve em frente




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