Autores: Garotos Podres. Intérprete: Idem. Gravadora Independente. CD: Garotozil de Podrezepam (2003).
Devo trabalhar até morrer Aposentado é vagabundo Devo trabalhar para Dom Fernando Passear pelo mundo
Não consigo ser desonesto Me eleger para o Congresso Não consigo enganar muita gente Me eleger Presidente
Ele fala dez línguas vivas E onze línguas mortas Ele é o reizinho poliglota E eu apenas idiota
Ele comprou sua reeleição Não teve medo de ser cassado E ainda quer restituição Pois comprou deputado estragado
Onde está o meu rico dinheirinho? Essa é uma pergunta vã Foi socorrer banqueiro coitadinho Ou está nas Ilhas Cayman?
Ele é o príncipe Dos sociólogos Ele estudou na Sorbonne E comeu e se cagou (escargot)
Ele é muito bacana E eu caipira e provinciano Até quando ele caga assobiando O cocô sai dançando
Até quando ele caga assobiando O cocô sai dançando E eu num consigo
Hoje,
Trago em meu corpo as marcas do meu tempo
Meu desespero, a vida num momento
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo
Hoje,
Trago no olhar imagens distorcidas
Cores, viagens, mãos desconhecidas
Trazem a lua, a rua às minhas mãos
Mas hoje,
As minhas mãos enfraquecidas e vazias
Procuram nuas pelas luas, pelas ruas,
Na solidão das noites frias por você.
Hoje,
Homens sem medo aportam no futuro
Eu tenho medo, acordo e te procuro
Meu quarto escuro é inerte como a morte
Hoje,
Homens de aço esperam da ciência
Eu desespero e abraço a tua ausência
Que é o que me resta vivo em minha sorte
Ah, sorte
Eu não queria a juventude assim perdida
Eu não queria andar morrendo pela vida
Eu não queria amar assim como eu te amei.
Autoras: Maria Martha e Isabel Maria. Intérprete: Maria Martha. Gravadora: RCA Victor. LP: Meu romance.
Eu acabo tendo raiva
Das coisas que causam pena
E penas já tenho tantas
Das que são minhas somente
Eu não consigo levar
Essa minha vida em frente
Levando comigo ainda
As penas de tanta gente
E eu não consigo levar
Essa minha vida em frente
Levando comigo ainda
As penas de tanta gente
Eu acabo tendo raiva
Da sorte que me condena
A ter coração que sente
A ter olhos que pranteiam
A ter a boca que grita
A ter nervos que inda anseiam
Pelo bem meu e de tantos
Pena dos que me rodeiam
Pelo bem meu e de tantos
Pena dos que me rodeiam
Que fique somente a raiva
Pra minha raiva ser pouca
E de ser tão curto o grito
Que escapa da minha boca
Que fique somente a raiva
Não tendo raiva somente
Dessa fraqueza que é minha
E ainda de tanta gente
Que fique somente a raiva
E a raiva me leve em frente