A crise da gasolina
Já tem dado o que falar
Vou dizer algumas coisas
Que eu já pude observar
Quem andava de automóvel
Acha cara a gasolina
Pra mor do racionamento
Hoje vai é na botina
Com a farta da gasolina
Muita gente virou atreta
Hoje tão fazendo força
Andando de bicicreta
Quem tinha barriga gorda
Hoje tem barriga fina
Os coitado têm sofrido
Com a crise da gasolina
Nosso povo é bem ordeiro
Vai se colocar na fila
Leve o tempo que levar
Güenta firme e não estrila
Eu também entrei na fila
Esperei um dia inteiro
Pois preciso gasolina
Para ponhar no meu isqueiro
Os chofer que são casados
E namora nas esquinas
Chega em casa atrasado
Diz que fartou gasolina
Pra esses moços granfinos
Perseguidô de muié
Chegou a veiz de dizê
Eu quero ver é a pé
Eu tô queimando as pestanas
Estudando um novo invento
O automóvel jangada
Inspirado no catavento
Eu peguei álcool motor
E ponhei no calhambeque
Ele saiu cambaleando
Ficou num baita pileque
Eu não ligo pra essa crise
Deixe os outros que se amole
Hoje em vez de artomóvel
Eu vou é andar de trole
Bem dizem que o brasileiro
É povo que tem engenho
Em lugar da gasolina
Inventaram o gasogênio.
- Ô cumpadre Alvarenga, onde você tem andado, rapaz?
- Estive na Europa.
- Não diga?
- Oia, escuta essa moda que eu trouxe da Europa.
Vancêis preste bem sentido num causo que eu vou contá
Eu já tive na Itália, conheci muitos lugá
E também já fui na França, na Argentina e Portugá
Lá na Itália o dinheiro inté parece mentira
A gente trabaia muito para ficar numa imbira
Pois recebe do trabaio em vez de dinheiro, lira
Quem morre de trabaiá é o povo de Lisboa
São uns mártires do trabaio, mas num trabaião à toa
Pois no fim são coroados com cascudos sem coroa
Lá na França corre o franco que é difícil de encontrar
Os francês estão precurando o franco por tudo lugá
Mais quem quer ganhar o franco vai na Espanha pra guerrear
Na Argentina, quem trabaia não sai do trabaio ileso
Além de sair cansado do trabaio, ele sai teso
Depois de tanto trabaio, ele vai carregar peso
No Brasil, dinheiro é nota e o franco é dos guerreiros
A coroa é pra quem morre, nacional ou estrangeiro
Quem tem peso é muito gordo, peso é não ter dinheiro
- Que tar, Bentinho?
- Ehhh!
- Especiar de boa.

Tal e qual Alexandre ou Napoleão
A tua intrepidez
Vai muito além, Juarez,
Do que é capaz o mais forte então
Bravo, de uma bravura de leão,
Deste agora ao Brasil
Exemplo varonil
Do quanto pode a tua abnegação.
Desce inconteste,
Valoroso, audaz
És o libertador
Do peito com todo fervor
Que a liberdade
Aos brasileiros traz
Bravo, de uma bravura de leão,
Deste agora ao Brasil
Exemplo varonil
Do quanto pode a tua abnegação.
A nossa gente, ante tanta coragem
Que mostrastes, Juarez,
Grata, mais uma vez,
Rende orgulhosa aqui tua homenagem.
