Trabalha, trabalha, nego (bis)
Não há mais preconceito de cor
É lei, o presidente assinou
É lei, preconceito acabou
Depois do 13 de maio,
O 3 de julho chegou
Para completar a Abolição
Deus que proteja o chefe da Nação
Que livrou uma raça de tamanha humilhação
Negro foi José do Patrocínio
Negros também foram os lábios de Maria
Enquanto o branco sorria
O negro sofria de paixão
Até que um dia a princesa Isabel
Com uma tinta bem negra
Assinou decretando a Abolição
(É lei, 3 de julho
Trabalha, trabalha, nego!)
Seu doutô, os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escoído para as rédias do pudê
Pois, doutô, dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bão, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru, sem gastar nossa corage
Se o doutô fizer assim, salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nossos distino mecê tem na vossa mão.
As famílias tão fugindo do sertão
E os doutor não querem ver
As famílias tão morrendo no sertão
Por não terem o que comer (bis)
É de dar pena seu moço
Ver um povo assim sofrer
A seca, seu mano, é um osso
Muito duro de roer
Eu daqui faço um pedido
Através do meu baião
Aos douto, ômi intendido,
Olhai essa gente boa
Nascida no meu sertão
Não deixa essa pobre gente
Passar fome no braseiro
Pois quem nasce no Nordeste
Também nasce brasileiro
E o brasileiro, seu mano,
Sempre teve coração
Nunca deixou na desgraça
Outro brasileiro irmão
Passando fome e miséria
Padecendo no sertão
Morrendo pelas estradas
Sem nenhuma proteção
Não, não, não, não.