Onde hoje é tarja preta Lia-se frase otimista E nela se acreditava Do cético ao humanista A ela todos se davam Amor de primeira vista Onde ontem era frase Hoje é uma tarja na vista
Hoje é uma tarja na vista
É .... É .... Vivia como que solta No firmamento estrelado Em cada ponta de estrela Letra por letra apagada Hoje se vê cruz e vela De tanta morte cravada Vinte e um cruzeiros de velas De tanta morte cravada
De tanta morte cravada
É .... É .... Sob um carimbo redondo A luz de um losango dourado Esmaeceu com o tempo Na sorte do mau olhado Em limbo se desfazendo Já não se dá por achado Sobre o losango um carimbo De tanta morte cravada
De tana morte cravada
É .... É .... A noite cobriu a mata Apagando a natureza Que por viver de harmonia Sem verde e sem mais beleza Perdeu a fisionomia Nas rugas dessa tristeza Nas rugas dessa tristeza De tanta tarja cravada
De tanta tarja cravada
É .... É ....
Caía A tarde feito um viaduto E um bêbado trajando luto Me lembrou Carlitos A lua, Tal qual a dona do bordel, Pedia a cada estrela fria Um brilho de aluguel E nuvens, Lá no mata-borrão do céu, Chupavam manchas torturadas Que sufoco! Louco! O bêbado com chapéu-coco Fazia irreverências mil Pra noite do Brasil, meu Brasil Que sonha com a volta do irmão do Henfil Com tanta gente que partiu Num rabo-de-foguete Chora a nossa pátria, mãe gentil, Choram Marias e Clarisses No solo do Brasil Mas sei que uma dor assim pungente Não há de ser inutilmente A esperança dança Na corda bamba de sombrinha Em cada passo dessa linha Pode se machucar Azar!
A esperança equilibrista Sabe que o show de todo artista Tem que continuar
Autor: Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro. Intérprete: Simone: Gravadora: EMI-Odeon. LP: Pedaços.
Pode ir armando o coreto E preparando aquele feijão preto Eu tô voltando Põe meia dúzia de Brahma pra gelar Muda a roupa de cama Eu tô voltando
Leva o chinelo pra sala de jantar Que é lá mesmo que a mala eu vou largar Quero te abraçar, pode se perfumar Porque eu tô voltando
Dá uma geral, faz um bom defumador Enche a casa de flor Que eu tô voltando Pega uma praia, aproveita, tá calor Vai pegando uma cor Que eu tô voltando
Faz um cabelo bonito pra eu notar Que eu só quero mesmo é despentear Quero te agarrar, pode se preparar
Porque eu tô voltando Põe pra tocar na vitrola aquele som Estreia uma camisola Eu tô voltando
Dá folga pra empregada Manda a criançada pra casa da avó Que eu tô voltando Diz que eu só volto amanhã
Se alguém chamar Telefone não deixa nem tocar Quero lá, raiá, iá,
Porque eu tô voltando!