Letra da paródia: Gualberto Peçanha. Música (“Estamos no século das luzes”): Boaventura Fernandes do Couto. Intérprete: João Nabuco (violão e canto). Gravação independente.
Já não há trocos miúdos
Nesta nossa capital,
Os cambistas são os grandes
Nesta época fatal.
Os pobres é que se veem
Em assados e apuros,
Pois desejando miúdos
Hão de pagar grandes juros.
Um gasto de três mil réis
Não é nada, ainda é pouco,
Pra uma nota de dez
Dizem logo: – Não há troco.
Até nas casas de pasto
As listas têm um letreiro,
Dizendo que pra comer
Levem trocado dinheiro.
Já se vê pelas vidraças
Letreiros sobre papéis
Dizendo não haver troco
Mesmo pra cinco mil réis.
De maneira que o pobre
Mesmo tendo algum dinheiro,
Não trazendo os tais miúdos
Passará por caloteiro.
Correm anúncios com letras
De palmo de comprimento
Dizendo que os tais miúdos
Vendem a doze por cento.
E não sabemos até onde
Tudo isso vai parar,
O certo é que o pobre
Há de sofrer e calar.
Houve há pouco uma assembleia
Já se sabe, de graúdos,
Para ver se decidiam
A questão dos tais miúdos.
Ainda agora se espera
Pela tal resolução
Não admira pois tudo
É assim nesta nação.
As cousas estão mudadas
Já se despreza os graúdos,
Pois agora só imperam
Como é sabido, os miúdos.
E quem há de nos valer
Em momento tão sinistro?
Ah! Já sei, corramos todos
Ao palácio do ministro.
Letra: A. F. Castro Leal. Música: Boaventura Fernandes do Couto. Intérprete: Tereza Pineschi. Gravadora: Por do Som. CD: “O teu gramofone é bão”.
Estamos no século das luzes
Já não há que duvidar;
Temos gás por toda a parte
Para nos alumiar
A, E, I, O, U,
Já não custa aprender,
Já se ensina de repente
Sem as letras conhecer.
Temos estradas de ferro
Para mais depressa andar,
Todos hão de correr tanto
Que por fim hão de cansar.
Ba, be, bi, bo, bu, etc
Já com novo calçamento
Vejo as ruas se calçar;
De fino sapato e meia
Já se pode passear.
Ça, ce, ci, ço, çu, etc.
Já se alargam bem as ruas,
A do Carmo é a primeira;
Hoje tudo são progressos
Da famosa ladroeira.
Da, de, di, do, du, etc.
Água suja, cisco e tudo
Já se não deve ajuntar;
É só lançar-se nas ruas
Que as carroças vêm buscar.
Fa, fe, fi, fo, fu, etc.
Já se seguram as vidas,
Já se não deve morrer;
Quem tem sua creoulinha
Não tem medo de a perder.
Ga, gue, gui, go, gu, etc,
Temos água pelos cantos,
Que sempre estão a correr;
E sujo por falta de água
Ninguém mais deve morrer.
Ja, je, ji, jo, ju, etc.
Já temos grandes teatros,
E a empresa quer crescer;
Estamos – num céu aberto,
Isso sim, é que é viver.
La, le, li, Io, lu, etc.
Quando há fogo na cidade
São Francisco dá o aviso;
O Castelo corresponde
Com três tiros do Gabizo.
Ma, me, mi, mo, mu, etc.
Os estrangeiros s'empregam
Nessa nova exploração;
Nada tendo de fortuna
Vem ganhar um dinheirão.
Na, ne, ni, no, nu, etc.
Nacionais de boca aberta
Nada tendo que comer,
Vivem como o boi de canga
Caladinho até morrer.
Pa, pe, pi, po, pu, etc.
Com a carestia dos gêneros,
Como o pobre há de viver?
Com tão pequeno salário
Como honrado pode ser?
Ra, re, ri, ro, ru, etc.
Os poderosos não querem
Co'a pobreza s'importar;
O pobre cheira a defunto
Pois só sabe importunar.
Sa, se, si, so, su, etc.
Eis o que é o país natal
Dos filhos que viu nascer;
Qualquer estrangeiro à toa
Vem aqui enriquecer.
Ta, te, ti, to, tu, etc.
Já temos por felicidade,
Melhor colonização;
Felizmente se acabou
A negra especulação.
Va, ve, vi, vo, vu, etc.
Os transportes são imensos,
Quer por terra, quer por mar;
Até se pode seguro
Já navegar pelo ar.
Xa, xe, xi, xo, xu, etc
Enfim ninguém já duvida
De tamanha perfeição;
Que não ha século como este
De maior ilustração.
Za, ze, zi, zo, zu, etc.
Letra e música: autores desconhecidos. Intérprete: João Nabuco (piano e canto). Gravação independente.
Rio-grandense faz timbre
Pela pátria em dar a vida
Pobre herói, ama o progresso
Não quer a pátria oprimida.
De Caseros na vitória
Foi Osório grão guerreiro,
Suas glórias, sua fama,
São do povo brasileiro
Do rei o trono defende
Fiel à Constituição
Sua espada triunfante
Da liberdade o brasão
De Caseros na vitória ...
Do regresso no cinismo
No embuste dos traidores,
Pisa avante, recebendo
Patrióticos louvores
De Caseros na vitória ...