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Acervo/blog

A cidade contra o crime

(Cuidado, Moreira!)

Zing, crash, pow, bang, pum

Onda de violência se abate sobre as cidades

Todo mundo rouba todo mundo

Ninguém sabe mais quem é ladrão

Ou quem é polícia

Cada vez pior o dia a dia

Estava dando uns bordejos pelaí

Quando de repente a figura apareceu

E dentre tantos me escolheu

Mas o barulho da cidade está tão grande

Que eu não pude nem ouvir

Quando o pinta me rendeu

Não se move aí, ô meu

Mas que pinoia, eu o rei da paranoia

Que não largo a minha boia

Mesmo quando estou a pé

Como é que eu dou esse azarão

Eu faço parte desse medo coletivo

Já não sei nem se confio

Na polícia ou no ladrão

(a barra não tá mole não

Ladrão já tem que andar

Com plaqueta de identificação

A dita anda dura mesmo com a abertura)

O cara disse: fica quieto

Vai tirando toda a roupa

De conforme o que está no meu direito

E eu só via um defeito

A que eu vestia estava toda esburacada

Remendada, esfarrapada, bem puída, no maltrato

Vou tentar fazer um trato

Pensei de pressa adonde estava aquela quina

Que sobrou do meu trocado que hoje

Chamam de salário

Trabalhador, tu é otário

E foi aí que eu notei que o pivete

Tremia muito mais que eu

Que tava pela bola sete

Olhei melhor pro salafrário

Notei que a arma que o fulano segurava

Era meio que chegada a um cheiro de sabão

Na rapidez, meti a mão

O trinta e oito se partiu em zil pedaços

E o coitado do palhaço

Ficou meio sem ação

Aproveitei a confusão

Mandei que ele desvestisse a roupinha

Tá mais limpa do que a minha

E inclusive a santinha

Não esquece a sunguinha, hein ô

Ele chorava de bobeira

Me mostrando uma carteira

Que continha a exploração do seu patrão

Me livra desse meu irmão

Que eu não tive opção

A galinha comeu pipoca

Em cima da minha solução

Tá caro tudo no meu lado

Já não sei o que é feijão

Mas acontece meu amigo

Que eu também tô a neném

A concorrência oficial

Não tá deixando pra ninguém



Roubaram meu ouro Roubaram meu sangue Roubaram meus filhos E querem mais Verde e amarelo, verde e amarelo

Verde e amarelo, verde e amarelo Desordem e regresso não aguento mais A guerra acabou, mas nós não temos paz E sempre a gente que sofre mais Você de esquerda, você de direita São todos uns babacas e velhos demais Vivendo intrigas de tempos atrás Acabem com a merda e nos deixem em paz Verde e amarelo, verde e amarelo

Verde e amarelo, verde e amarelo Menos guerra e mais pão Golpe de estado é revolução Fuga de rico é televisão Fuga de pobre é religião Roubaram o verde e o amarelo também Protejam o azul e o branco, alguém Como roubar mais de quem nada tem Verde e amarelo, verde e amarelo

Verde e amarelo, verde e amarelo Sobrou o céu Sobrou o céu Sobrou o céu Sobrou o céu Um dia os mortos vão despertar Um dia os mortos vão despertar




Quem matou mamãe, vovó

Quem matou mamãe, vovó

Foi a trança do cipó

Foi a trança do cipó

Quem matou papai, vovô

Quem matou papai, vovô

Foi um grande matador

Foi um grande matador

Oh! Deus, quanta gente boa

Meu Deus quanto homem bom

Já morreu de imboscada

Já tombou lá no sertão

Por mão de gente marvada

Em troca de umas patacas

Por ordem do capitão

Pois quem viu silenciou

O rádio nunca falou

Os jornais num publicou

Na TV não saiu não

Pois no fundo meu cumpadi

Ele é o dono da verdade

Quem manda é o capitão

Certa vez lá na Jaíba

Sucedeu uma patuscada

Homem rico tirou do pobre

Duas légua empareada

O rico muito sabido

Inventou uma trapaiada

Diz que a divisa da terra

Estava toda errada

Trouxe um homem da cidade

Contratou uma jagunçada

Pra garantir o serviço

E a terra ser remarcada

Choveu bala, correu sangue

Cachoeira, enxurrada

No final de algum tempo

A sorte tava selada

O rico ficou com tudo

E o pobre ficou sem nada

Pedra de bodoque matou passarinho

Foi tiro de espingarda que matou painho




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