Em casa que muitos mandam
Ninguém pode acertar
É pra lamentar
É pra lamentar
Oi manda um aqui,
Oi manda outro lá
E nesse vai e vem
Todo mundo quer mandar
Desse jeito, minha gente,
É melhor um só mandar
Oi manda um aqui,
Oi manda outro lá
E nesse vai e vem
Todo mundo quer mandar,
Desse jeito, minha gente,
É melhor o Jango lá.
Autor desconhecido. Intérpretes: Bibi Ferreira, Elizeth Cardoso, Ivon Curi, Isaurinha Garcia e Jorge Goulart. Gravação especial.
- Aqui está a maior atriz do teatro nacional: Bibi Ferreira!
- Ao lado dos trabalhadores, dos estudantes, dos homens de empresa, dos funcionários, dos profissionais liberais, dos homens do campo, das donas de casa, também estarão nas urnas dia 6 de janeiro os grandes artistas do rádio e da televisão. Aqui está uma das mais queridas cantoras do Brasil. Elizeth Cardoso, a Divina! Canta, Elizeth!
(canta)
Meu povo, está na hora de acabar a confusão,
Toda a Nação vai responder que não
O Ato Adicional
Tá indo mal
Todo meu povo com razão
Vai responder que não.
Não e não!
(fala)
E aparece Minas Gerais no grande show do plebiscito. Surge Ivon Curi, astro de primeira grandeza, trazendo o apoio dos artistas das Alterosas. Ivon Curi!
(canta)
Nós vamos acabar com a confusão
É a nossa vez
No dia 6, ah,
Vamos dizer que não.
O parlamentarismo não tem jeito nem razão,
No dia 6,
vamos dizer que não.
Não e não!
(fala)
Ouça a seguir a notável cantora paulista Isaurinha Garcia, orgulho de São Paulo e do Brasil.
(canta)
No dia 6
Vai ser a nossa vez.
Toda a Nação,
Com o lápis na mão, vai responder que não.
Está na sua mão
Do plebiscito a decisão.
Com o lápis, vamos dizer que não.
Não e não!
(fala)
Igual ao senhor, igual à senhora, eu também irei às urnas dia 6, o dia do não. E em sua seção eleitoral, prestigiando o plebiscito, estará também o famoso cantor Jorge Goulart, uma das mais bonitas vozes do Brasil.
(canta)
Nós vamos acabar com a confusão,
É a nossa vez
No dia 6,
vamos dizer que não
O parlamentarismo não tem jeito nem razão
No dia 6,
vamos dizer que não,
Não e não.
(fala)
- Na sua cédula, está escrito:
- Concorda com o Ato Adicional que instituiu o parlamentarismo?
- Não? Então faça um x no quadrinho do não.
- Dia 6, é a sua vez.
- Compareça e marque:
- Não! Não! Não! Não! Não! Não!
(canta)
Meu povo, a decisão agora está na sua mão.
No dia 6, vamos dizer que não.
O Ato Adicional só aumentou a confusão.
Com o lápis na mão, vamos dizer que não.
O Brasil é uma terra de amores, Alcatifada de flores, Onde a brisa fala amores, Nas lindas tardes de abril. Correi pras bandas do Sul. Debaixo de um céu de anil, Encontrareis um gigante deitado: Santa Cruz, hoje o Brasil. Mas um dia o gigante despertou (ooaahhh!). Deixou de ser gigante adormecido. E dele um anão se levantou. Era um país subdesenvolvido. Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido (bis) E passado o período colonial, O país passou a ser um bom quintal. E depois de dada a conta a Portugal Instalou-se o latifúndio nacional. (Ai) Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido. Então o bravo brasileiro (iehéé), Em perigos e guerras esforçados (iehéé), Mais que prometia a força humana Plantou couve, colheu banana. Bravo esforço do povo brasileiro Mandou vir capital lá do estrangeiro. Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido. As nações do mundo para cá mandaram Os seus capitais tão desinteressados. As nações coitadas só queriam ajudar, não é? Aquela ilha velha não roubou ninguém, País de poucas terras só nos fez um bem Um Big Ben Um Big Ben, bom, bem, bom Nos deu luz (ah!) Tirou ouro (oh!) Nos deu trem (ah!) Mas levou o nosso tesouro. Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido. Mas data houve em que se acabaram os tempos duros e sofridos Porque um dia aqui chegaram os capitais dos países amigos. País amigo, desenvolvido, País amigo, país amigo, Amigo do subdesenvolvido País amigo, país amigo. E os nossos amigos americanos Com muita fé, com muita fé, Nos deram dinheiro e nos plantamos Só café, só café. É uma terra em que se plantando tudo dá. Pode-se plantar tudo que quiser Mas eles resolveram que nos devíamos plantar Só café, só café Bento que bento o frade, frade. Na boca do forno, forno. Tirai um bolo, bolo. Fareis tudo que seu mestre mandar? Faremos todos, faremos todos, faremos todos. Começaram a nos vender e nos comprar. Comprar borracha, vender pneu. Comprar minério, vender navio. Pra nossa vela, vender pavio. Só mandaram o que sobrou de lá: Matéria plástica, que entusiástica, Que coisa elástica, que coisa drástica, Rock balada, filme de mocinho, Ar refrigerado e chiclete de bola (pop) E coca cola. Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido. O povo brasileiro tem personalidade. Não se impressiona com facilidade Embora pense como americano Uuuuuuu, I’m going to kill that indian before he kills me (pinim...) Embora dance como americano Ta-ta-ta-ta, ta-ta-ta-ta Embora cante como americano Eh boi, lá, lá, lá, Eh roçado bão, lá, lá, lá, O meior do meu sertão, lá, lá, lá Comeram o boi. O povo brasileiro, embora pense, cante e dance como americano Não come como americano, Não bebe como americano, Vive menos, sofre mais Isso é muito importante Muito mais do que importante Pois difere o brasileiro dos demais Personalidade, personalidade, personalidade sem igual, Porém, Subdesenvolvida, subdesenvolvida, Essa é que é a vida nacional.