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Acervo/blog

Aprender artes, ofícios,

Estudar anos inteiros,

Enriquecer os livreiros,

Só o faz rombo sandeu …

Pra ser rico, nobre e sábio

Com mil outros galardões,

Basta só nas eleições

Fazer papel de judeu…

Cartinhas amáveis,

Chapinhas estáveis,

Troquinhas notáveis

Urninhas mudáveis

E os manganões,

Espertalhões,

Com mangações,

Aos toleirões!

Tudo agiganta o progresso;

Viva Amor! Fora o Regresso!

Mil Mirabôs de enfiada (Mirabeaus)

Por vapor fazem discursos,

E vencem nestes concursos

Empregos e carachás.

Modesto patriotismo

Hoje em dia não faz vaza;

Escrever jornais à rasa

É caminho dos Baichás.

Juristas de capa,

Legistas de chapa,

Tretistas da lapa,

Chupistas de rapa.

Seu monarquismo,

Brasileirismo,

Patriotismo,

Sem egoísmo

Tudo agiganta o progresso;

Viva Amor! Fora o Regresso!

Padres, carolas, coveiros,

Vão todos plantar batatas.

Já temos homeopatas,

Já não morre mais ninguém.

Sangrias, bichas cautérios,

Em bolinhas se mudaram,

Os farmácios se acabaram,

E o brusselismo também.

Ascite bojuda,

Bronquite pontuda,

Gastrite aguda,

Raquite que muda ...

E os humoristas,

E os solidistas,

E os organistas,

E os razoristas.

Tudo agiganta o progresso;

Viva Amor! Fora o Regresso!

Modernos operadores

Fazem queixos de tarracha,

Põe corações de borracha,

Curam vesguelha e surdez.

Mudam as línguas aos gagos,

Trocam tripas, pernas, braços,

Cortam a gente em pedaços

E cozem-na um’outra vez.

Entranhas viradas,

Com banhas lavadas,

Façanhas cortadas,

Patranhas curadas ...

Litotomias,

Litotricias,

Patologias,

Frenologias.

Tudo agiganta o progresso;

Viva Amor! Fora o Regresso!

Nova carreira se abriu

Além das tretas e ronha!

Um pelintra, um sem vergonha

Se improvisa redator.

Unidos a outros ciganos,

A pena imunda vendendo

Calúnias mil escrevendo

Quer campar por grão senhor.

Rabisca ladrando,

Faísca bramando,

Marisca ganhando,

Lambisca trepando.

Os publicistas,

Os estadistas,

Os moralistas,

Idealistas

Tudo agiganta o progresso;

Viva Amor! Fora o Regresso!

Decora um rapaz seis frases,

De um autor ou libelista,

Ei-lo já com longa vista,

Novo regenerador.

Prometendo o Sol e a Lua,

Cabala, sai deputado.

Vende o voto, é magistrado.

E já visa a Senador.

Que moço de tino!

É um poço de fino!

Menino de troço!

Caroço ladino!

Chegou a idade

Da liberdade;

Que felicidade

Pra humanidade!

Tudo agiganta o progresso;

Viva Amor! Fora o Regresso!

Mandei fazer um balaio

Das barbas de um camarão

Balaio saiu pequeno

Não quero balaio, não

Balaios, meu bem, balaios,

Não quero balaios, não

Por pera de guabiru

Eu tenho grande paixão

Balaios da Mariquinhas,

Não quero balaios, não

Balaios, meu bem, balaios, ...

De peras dos guabirus

Quero bordar um roupão

Oh! Que linda vestidura ...

Não quero balaios, não

Balaios, meu bem, balaios, ...

Mandei fazer um balaio

Das barbas de um baronista

Para embarcar o balaio,

Meu bem,

Daqui para a Boa Vista.

(estribilho)

Balaio, meu bem, balaio,

Balaio do coração,

Quem tiver o seu balaio,

Não saia com ele não.

Balaio, meu bem, balaio,

Balaio do coração,

Que os rapazes são travessos

Botam o balaio no chão.

Mandei fazer um balaio

Das barbas de um camarão

Pra embarcar o balaio,

Meu bem,

Daqui para o Maranhão

Balaio, meu bem, balaio ...

Mandei fazer um balaio

Das cascas de um cajá,

Pra embarcar o balaio

Meu bem,

Daqui para o Pará

Balaio, meu bem, balaio ...

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