Autores: Galhardo e Toninho Geraes. Intérprete: Bezerra da Silva. Gravadora: Universal Music. CD: Eu tô de pé.
Quando a galinha criar dente
E o sol nascer quadrado
Vamos ter um presidente
No seu lugar adequado
Foi assim que ele disse
(quem não lembra?)
O real vai ser valorizado
No Brasil, meu doce amado
O inocente acreditou
Eu que sou cobra criada
Não fui no caô caô
Não fui no caô caô
O inocente acreditou
Eu que sou cabeça feita
Não fui no caô caô
Todas as vezes que tem eleição
No meu Brasil doente
Eles contam a mesma estória
Porém em sentido diferente
E meu povo com fome, na beira da praia
Num banco sentado
Na esperança do mar pegar fogo
Pra ver se come peixe assado
E na cara-de-pau ele diz
Que as coisas vão melhorar
Mas na tremenda miséria
Meu povo está
E esse plano de H
Ingrupiu de novo o povão
No dia primeiro de abril
Vai acabar a inflação
O analfomegabetismo
Somatopsicopneumático
O analfomegabetismo
Somatopsicopneumático
Que também significa
Que eu não sei de nada sobre a morte
Que também significa
Tanto faz no sul como no norte
Que também significa
Deus é quem decide a minha sorte
(Iê-ma-ma-marighella)
Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me chega um cidadão E me diz desconfiado
Tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar? Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar o meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio, moço? Eu também trabalhei lá Lá eu quase me arrebento Pus a massa, fiz cimento Ajudei a rebocar Minha filha inocente Vem pra mim toda contente Pai, vou me matricular Mas me diz um cidadão Criança de pé no chão Aqui não pode estudar Esta dor doeu mais forte Por que que eu deixei o Norte Eu me pus a me dizer Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja, moço? Onde o padre diz amém Pus o sino e o badalo Enchi minha mão de calo Lá eu trabalhei também Lá sim valeu a pena Tem quermesse, tem novena E o padre me deixa entrar Foi lá que Cristo me disse Rapaz, deixe de tolice Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a Terra Enchi o rio, fiz a serra Não deixei nada faltar Hoje o homem criou asas E na maioria das casas Eu também não posso entrar