Houve tanto rebuliço
No território brasileiro
Houve tanta novidade
Que até eu fiquei banzeiro
O fósforo a duzentão,
Selaram tudos isqueiros
Descobriram uma santa
Lá na vila dos Coqueiro
Lá na vila dos Coqueiro
O câmbio desceu a dois,
Não há meio de subir
O estado de São Paulo,
Pois não quer mais progredir
A crise gostô do clima
E veio morar aqui
E a miséria anda passeando
Por todo nosso Brasir,
Por todo nosso Brasir.
O que sustenta o Brasir, ai,
É São Paulo, isto é,
O que sustenta São Paulo
É a lavoura de café
Se o café não tem mais preço,
Nem dado ninguém não quer
É que nós vai caminhando
Numa bruta marcha a ré,
Numa bruta marcha a ré
Ao menos que vortasse
Aquele tempinho bom
Tempinho de Constituinte,
Tempinho de eleição
Quem não tinha nada pra vender,
Nem café nem algodão,
Ia prometer um voto
E recebia cinquentão.
E recebia cinquentão
O povo está descontente,
Tem gente que grita e berra
Põe a culpa no governo,
Nesse ponto o povo erra,
O culpado não é o governo,
Nem a revolução e nem a guerra
É Pedro Álvares Cabral
Que descobriu, ai, essa terra
Descobriu, ai, essa terra.
Vitória, vitória.
Queremos cantar
Com ardor e gloria
Iremos lutar
Cada brasileiro
Terá um fuzil
Para defender
O nosso Brasil
Na triste desdita
Que o gênio perverso
Da trinca maldita
Lançou o universo
Brasil querido
És grande e forte
Tu és unido
Do sul ao norte
Cada brasileiro
Terá um fuzil
Para defender
O nosso Brasil
Vitória, vitória
Queremos cantar
Com ardor e glória
Iremos lutar
Com o presidente
Sempre nos guiando
E o Onipotente
Nos abençoando
O nosso exército
E as forças do ar
Com a nossa marinha
Hão de triunfar
Brasil querido
És grande e forte
Tu és unido
Do sul ao norte
Cada brasileiro
Terá um fuzil
Para defender
O nosso Brasil.
Meu homem,
Dormi com saudades suas
E sonhei com a liberdade
Caminhando livremente
Como gente
Sob o sol de Johanesburgo
Sob o sol de Johanesburgo
Sob o sol de Johanesburgo
Meu homem,
Passeamos pelo parque
Sem notar que existem brancos
E sem ver que habitam pretos
Pelos guetos
São irmãos brancos e pretos
Nos guetos
São irmãos brancos e pretos
Meu homem,
No meu sonho nós dormimos e
Abraçados nos amamos
Doces beijos, ternos mimos
Doces beijos, ternos mimos
Doces beijos, ternos mimos
Fui sozinha pra Namíbia
E de lá fui pra Luanda
Com os artistas do Amandla
Pra cantar rezas num komba
E de lá fui pra kizomba
Lá nas terras de Zumbi
Lá nas terras de Zumbi dos Palmares
Lá nas terras de Zumbi
Lá nas terras de Zumbi dos Palmares
Lá nas terras de Zumbi
Ai,
Aí vi brancos e pretos
Me lembrei do apartheid
E no meio da festança
Sem chorar me entristeci
Ai, meu homem
Que vontade de chorar
Será quando que meus sonhos
Meu homem,
Serão só doce sonhar
Será quando que meus sonhos
Meu homem,
Serão só doce sonhar
Homem,
Meu homem
(Winnie Mandela, 18 de julho de 1988)