No deserto da miséria solitária Tá sendo condenada a plenitude da vitória Num mar de lama derrotas na travessia Tudo destruído o quanto mais distante eu ia Tem o mal na vida real dando tiro na rua, atropelando criança A opressão devastando e tirando das mães a esperança De verem seus filhos nas quebradas de cabeça erguida Perdidos sem saber que a escola é uma saída Vivemos o apartheid na nossa amada terra latina Nos dentes do primeiro mundo ouro e platina Nos nossos a resina da benzetacil No terceiro mundo no resumo do Brasil, Vai! Chama todo mundo numa R pra somar, Porque o subcomandante insurgente vai falar
‘Mi nombre nome es Marcos, subcomandante insurgente Marcos, soy el jefe militar do Ejercito Zapatista de Liberación Nacional’
ALCAminhopradestruição, ALCAminhopradestruição ALCAminhopradestruição, que porra é essa, meu povo não merece! ALCAminhopradestruição, ALCAminhopradestruição ALCAminhopradestruição, que porra é essa, meu povo não merece!
Reis da opressão, da exploração, da ofensa, da humilhação Da exclusão, da ciência, da discriminação Calculando numa R do G8 nossos corpos Nos fazendo coleção de fatos mortos Que o Tio Sam mostra com orgulho a suas crianças Dizendo que aqui foi tomado e que nossa mão de obra ganharam de herança O inimigo tem mil faces e dança conforme a dança É diferente da nossa cartilha o estilo deles na militância Porque podemos ser muito mais do que já somos Nós sabemos que felicidade não compramos Desprezam a simplicidade nas rugas do rosto de um José
Cada dente podre mais leal assim que é
Navios, aviões, tanques, consagram o homem E transformam o outro em monstro quando está com fome Área de Livre Comércio das Américas Será reduto de famintos e pessoas histéricas
ALCAminhopradestruição, ALCAminhopradestruição ...
‘Nosotros somos una organización de indígenas, de indígenas de Chiapas, indígenas de raiz maya, que son de los pueblos índios tzotil, tzeltal, chol, tojolabal, mame y zoque’.
Alegra meu senhor o cantador das mazelas Traz paz e amor pra nós e um canhão se for na guerra Daqui lá no Iraque os Taliban é só os fortes Nas missões lealdade, fidelidade até a morte Não podemos deixar os ianques aqui plantar semente Colhendo nas cadeias quem pra nós é inocente Cuspindo no pé do Zé que veio de a pé lá do sertão Humilhando mães de família na porta da prisão Trouxeram uns troféus, aplaudiram nosso esporte Não investiram na cultura, são milhões de carros fortes Não podemos nos sujeitar a esse tipo de situação Soberania sim, ALCA não!
ALCAminhopradestruição, ALCAminhopradestruição ...
Autor: Z’África Brasil. Intérprete: Idem. Gravadora: RSF Records. CD: “Antigamente quilombos, hoje periferia”.
Aqui sentindo flores prometeram um mundo novo
Favela, viela, morro tem de tudo um pouco
Tentam alterar o DNA da maioria, Rei Zumbi
Antigamente quilombos, hoje periferia
Levante as caravelas
Aqui não daremos trégua não, não
Então que venha a guerra
Zulu, Z'África, Zumbi
Aqui não daremos tréguas não, não
Então que venha a guerra
Sempre a mil, aqui Z'África Brasil
Pra quem fingiu que não viu a cultura resistiu
Num faroeste de caboclos revolucionários
É o Z, Zumbi que Zumbizine Zumbado do Zumbizado
A lei da rua quem faz é você no proceder
Querer é poder, atitude é viver
Hoje centuplicarei o meu valor
Eliminando a dor que afeta o meu interior
Querem nos destruir, mas não vão conseguir
Se aumentam a dosagem mais iremos resistir
Evoluir, não se iludir com o inimigo
Que transforma cidadão em bandido, perito em latrocínio
Os hereditários sempre tiveram seus planos
Ao lado de uma pá de dólar furado e falso e se encantam
É cadeira de balanço ou é cadeira elétrica
Gatilhos, tiros na favela e o sangue escorre na viela
Um dia sonhei que um campinho da quebrada era uma fábrica da Taurus
Ainda bem que era um sonho e aí fiquei um pouco aliviado
Mas algo em meu pensamento dizia pra mim
Porra, se na periferia ninguém fabrica arma
Quem abastece isso aqui?
O sistema não está do lado da maioria
Já estive por aqui sei lá quantas vidas e continua a covardia
Esquenta não, somos madeira que cupim não rói
A gente supera todas as drogas e as armas que estão aqui
Devolveremos em guerra
Aqui sentindo flores prometeram um mundo novo ...
Mundo abominado, desorientado, não seja um mini-game manipulado
Ignore a ação do sistema, mas por outro lado
Faça sua taboca, levante sua paliçada
Prepare-se, não acredite em contos de fadas
A fumaça é o veneno que destrói as flores
A visão do mundo em diversos fatores, subjugado a valores
Consomem a essência, em troca a sobrevivência
Assim espalham a doença, a fé, a crença
E o povo lamenta tantos destroços, tanta perda
Fio de 500 volts em muitas consciências, vejam
Úlcera de ozônio, pânico da atmosfera
As coisas não estão nada bela, SOS Planeta Terra
Acredite, há milhões de anos o poder impera
O oprimido resiste e o opressor insiste na guerra
Refúgio, ver nuvem negra brilhar, sistema o alvo certeiro
O mal aplicado diante de princípios morais
Lamentos, levantamentos, históricos monumentos
Carne e osso, meu corpo não é blindado, só peito
Biografia, Plano Real, agora nos encontramos mal
Excelentíssimo senhor presidente do território nacional
Do sistema escudo, guerrilheiros do mundo, duque 13 blefou
Zumbi, o redentor, agora o jogo virou
Quilombos guerreou, periferia acordou
Cansamos de promessas, volta pro mato, capitão
Pois já estamos em guerra
Aqui sentindo flores prometeram um mundo novo ...
Medito a ação, hino da redenção
Os deuses encorajaram as almas
Os fortes já não se prendem à ilusão, hé
Na sombra do otário é que se esconde o mané, né
Na hora que o bicho pega que a gente vê qual é que é
Evite atrazalado, tem pangaré que não vale um prato
Aqui é lobo do mato, tem xerife assustado com o cavaleiro solitário
Abre-te sésamo, mim não gosta de cara pálida
Acham que sabem tudo, mas na verdade não sabem nada
Controlam as doenças, controlam dinheiro
Controlam os cartéis, controlam os puteiros
Modificam o ar, criam cérebros atômicos
É o pai de família no bar, enquanto o filho está matando
Sugam da terra, injetam no próprio homem
Alteram a natureza, óleo no mar, fogo no monge
Jardins do éden, as flores tem cheiro de morte
Olhe o seu próprio coquetel molotov
Aqui sentindo flores prometeram um mundo novo ...
Autores: Mano Brown e Edi Rock. Intérprete: Racionais MC. Gravadora: Zâmbia. CD: Nada como um dia após o outro dia.
Negro Drama
Entre o sucesso e a lama
Dinheiro, problemas
Inveja, luxo, fama
Negro drama
Cabelo crespo
E a pele escura
A ferida, a chaga
A procura da cura
Negro drama
Tenta ver
E não vê nada
A não ser uma estrela
Longe meio ofuscada
Sente o drama
O preço, a cobrança
No amor, no ódio
A insana vingança
Negro drama
Eu sei quem trama
E quem tá comigo
O trauma que eu carrego
Pra não ser mais um preto fudido
O drama
Da cadeia e favela
Túmulo, sangue
Sirenes, choros e velas
Passageiro do Brasil
São Paulo
Agonia que sobrevivem
Em meio a zorra e covardias
Periferias, vielas e cortiços
Você deve tá pensando
O que você tem a ver com isso?
Desde o início
Por ouro e prata
Olha quem morre
Então veja você quem mata
Recebe o mérito a farda
Que pratica o mal
Me ver, pobre, preso ou morto
Já é cultural
Histórias, registros
Escritos
Não é conto
Nem fábula
Lenda ou mito
Não foi sempre dito
Que preto não tem vez
Então olha o castelo, irmão
Foi você quem fez, cuzão
Eu sou irmão
Dos meus truta de batalha,
Eu era a carne
Agora sou a própria navalha
Tim...Tim..
Um brinde pra mim
Sou exemplo de vitórias
Trajetos e glórias
O dinheiro tira um homem da miséria
Mas não pode arrancar
De dentro dele a favela
São poucos
Que entram em campo pra vencer
A alma guarda
O que a mente tem que esquecer
Olho pra traz
Vejo a estrada que eu trilhei
Mocó
Quem teve lado a lado
E quem só ficou na bosta
Entre as frases
Fases e varias etapas
Do quem é quem
Dos mano e das mina fraca
Negro drama de estilo
Pra ser e se for
Tem que ser
Se tremer é milho
Entre o gatilho e a tempestade
Sempre a provar
Que sou homem e não um covarde
Que Deus me guarde
Pois eu sei
Que ele não é neutro
Vigia os rico
Mais ama os que vem do gueto
Eu visto preto
Por dentro e por fora
Guerreiro
Poeta entre o tempo e a memória ora
Nessa história
Vejo o dólar
E vários quilates
Falo pro mano
Que não morra e também não mate
O tic tac
Não espera, veja o ponteiro
Essa estrada é venenosa
E cheia de morteiro
Pesadelo sim
É um elogio
Pra quem vive na guerra
A paz nunca existiu
No clima quente
A minha gente sua frio
Vi um pretinho
Seu caderno era um fuzil
Um fuzil
Negro drama
Crime, futebol, música, caralho
Eu também não vou consegui fugir disso aí
Eu sou mais um
Forrest Gump é mago
Eu prefiro contar uma história real
Vou contar a minha....
Daria um filme
Uma negra
E uma criança nos braços
Solitária na floresta
De concreto e aço
Veja, olha outra vez
O rosto na multidão,
A multidão é um monstro
Sem rosto e coração
Hey, São Paulo
Terra de arranha-céu
A garoa rasga a carne
É a torre de babel
Família brasileira
Dois contra o mundo
Mãe solteira
De um promissor vagabundo
Luz, câmera e ação
Gravando a cena vai
O bastardo
Mais um filho pardo
Sem pai
Senhor de engenho eu sei
Bem quem você é
Sozinho, cê num guenta
Sozinho
Cê num guenta a pé
Cê disse que era bom
E as favela ouviu
Lá também tem
Whisky e red bull
Tênis Nike, fuzil
Admito
Seu carro é bonito
E eu não sei fazer
Internet, vídeo-cassete
Os carro loko
Atrasado
Eu tô um pouco
Se tô, eu acho sim
Só que tem que
Seu jogo é sujo
E eu não me encaixo
Eu sou problema de montão
De carnaval a carnaval
Eu vim da selva sou leão
Sou demais pro seu quintal
Problema com escola
Eu tenho mil mil fita
Inacreditável, mas seu filho me imita
No meio de vocês
Ele é o mais esperto
Ginga e fala gíria
Gíria não, dialeto
Esse não é mais seu
Hó, subiu
Entrei pelo seu rádio
Tomei, cê nem viu
Mas é isso, aquilo
O que, cê não dizia
Seu filho quer ser preto
Rhá, que ironia,
Cola o pôster do Tupac aí
Que tal, que se diz
Sente o negro drama
Vai, tenta ser feliz
Hey bacana
Quem te fez tão bom assim
O que cê deu
O que cê faz
O que cê fez por mim
Eu recebi seu ticket
Quer dizer kit
De esgoto a céu aberto
E parede madeirite
De vergonha eu não morri
To firmão
Eis-me aqui
Você não
Cê não passa
Quando o mar vermelho abrir
Eu sou o mano
Homem duro
Do gueto, Brown
Oba
Aquele louco
Que não pode errar
Aquele que você odeia
Ama nesse instante
Pele parda, ouço funk
E de onde vem
Os diamante
Da lama
Valeu mãe
Negro drama
Drama, drama
Aí, na época dos barraco de pau lá na pedreira
Onde cês tavam?
O que que cês deram por mim ?
O que que cês fizeram por mim ?
Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho
Agora tá de olho no carro que eu dirijo
Demorou, eu quero é mais
Eu quero é ter sua alma
Aí, o rap fez eu ser o que sou
Ice Blue, Edy Rock e KL Jay e toda a família
E toda geração que faz o rap
A geração que revolucionou
A geração que vai revolucionar
Anos 90, século 21
É desse jeito
Aí, você sai do gueto
Mas o gueto nunca saí de você, morou irmão?
Você tá dirigindo um carro
O mundo todo tá de olho ni você, morou
Sabe por quê?
Pela sua origem, morou irmão?
É desse jeito que você vive
É o negro drama
Eu não li, eu não assisti
Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama
Eu sou o fruto do negro drama
Aí, Dona Ana, sem palavra, a senhora é uma rainha, rainha
Mas aí, se tiver que voltar pra favela
Eu vou voltar de cabeça erguida
Porque assim é que é
Renascendo das cinzas
Firme e forte, guerreiro de fé
Vagabundo nada!